Atraso na punição de Jefferson

Brasília – A crise política instaurada na Câmara dos Deputados agravou-se e os partidos de oposição admitem atrasar a votação do pedido de cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), marcada para a próxima quarta-feira, caso o presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), decida presidir os trabalhos. As legendas de oposição não reconhecem mais a legitimidade de Severino para presidir as sessões e não aceitarão também que ele se sente na cadeira de presidente. A permanência de Severino poderá provocar tumulto e constrangimento nas sessões da Câmara. PFL, PSDB, PPS, PDT e PV, que iniciaram o movimento pela saída do presidente da Câmara, querem a renúncia imediata dele.

?Não faremos a votação da cassação de Jefferson com Severino na presidência?, afirmou o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA). Para Aleluia, não haverá dificuldades se a votação do pedido de cassação do deputado do PTB do Rio de Janeiro for adiada em uma semana. ?Severino não inspira a nossa confiança?, disse. O líder da minoria na Câmara argumenta que o presidente da Casa conduzir a sessão de forma a inocentar Jefferson, encerrando a votação sem que grande parte dos deputados tenha votado. Esse procedimento beneficiaria o deputado do PTB porque, para cassar o mandato, são necessários 257 votos, a maioria absoluta. ?Isso seria um golpe?, afirmou Aleluia.

?Severino vai ter coragem de entrar no plenário??, questionou o líder do PDT na Câmara, Severiano Alves (BA). ?Não há clima para ele presidir sessão. Vai haver discurso agressivo contra ele e tumulto. Ele não teria condição moral para presidir uma sessão de cassação.? As siglas marcaram uma reunião para a terça-feira, incluindo os governistas e de oposição, para pedir a cassação de Severino e discutir como conduzir a atual fase.

?O que Severino não pode mais é se sentar naquela cadeira. Ele não tem legitimidade nem autoridade moral e política para presidir a Câmara?, afirmou o líder do PSDB na Casa, Alberto Goldman (SP). Goldman ainda disse que a agremiação não aceita participar de sessão presidida pelo presidente da Casa. ?O caminho é a renúncia?, completou. O deputado Raul Jungman (PPS-PE) disse que ?não há a menor possibilidade? de as oposições aceitarem uma sessão com Severino à frente das atividades.

?Isso seria evoluir da paralisia para o caos?, afirmou, referindo-se ao torpor que tem dominado as tarefas da Câmara.

O deputado Benedito Dias (PP-AP), aliado de Severino, concorda com a tese de que ele deve deixar a presidência. ?Para não haver conflito com a Casa, seria interessante ele afastar-se?, afirmou. Para Dias, o afastamento não significa renúncia à função. ?Quem manda são os parlamentares. Se a maioria não quer, ele tem de obedecer, tem de aceitar?, resumiu.

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