Membros da Pastoral Carcerária e de outros grupos sociais participaram de um ato ecumênico para lembrar os 20 anos do massacre do Carandiru na tarde de hoje, em São Paulo. A manifestação contou a presença de cerca de 100 pessoas na praça da Sé (centro).
Familiares das vítimas levaram cartazes com os nomes dos 111 detentos mortos no dia 2 de outubro de 1992. O massacre ocorreu após a invasão da Polícia Militar para conter uma rebelião iniciada no pavilhão 9, onde ficavam os presos acusados pelos crimes mais graves. Até hoje, ninguém foi responsabilizado pelos crimes.
A coordenadora do Movimento Mães de Maio, que ajudou a organizar o ato, Débora Maria da Silva, 53, disse que a manifestação serviu para relembrar ações incorretas da polícia para que não ocorram novamente. “A sociedade não se calou nem se esqueceu [do massacre]. Temos que repudiar a truculência da polícia. Não vamos continuar pagando as balas que matam os nossos filhos”, disse.
Julgamento
Na semana passada, o Tribunal de Justiça de São Paulo marcou o julgamento de 28 réus do caso Carandiru para o dia 28 de janeiro de 2013. O júri ocorrerá no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. O ex-comandante da Rota e o atual, tenentes-coronéis Salvador Madia e Nivaldo César Restivo são réus do processo, mas não estão entre os que serão jugados em janeiro.
Os réus que serão julgados são: Ronaldo Ribeiro dos Santos, Aércio Dornellas Santos, Wlandekis Antônio Cândido Silva, Roberto Alberto da Silva, Joel Cantílio Dias, Antonio Luiz Aparecido Marangoni, Valter Ribeiro da Silva, Pedro Paulo de Oliveira Marques, Fervásio Pereira dos Santos Filho, Marcos Antônio de Medeiros, Haroldo Wilson de Mello, Luciano Wukschitz Bonani, Paulo Estevão de Melo, Roberto Yoshio Yoshicado, Salvador Sarnelli, Fernando Trindade, Antônio Mauro Scarpa, Argemiro Cândido, Elder Taraboni, Sidnei Serafim dos Anjos, Marcelo José de Lira, Roberto do Carmo Filho, Zaqueu Teixeira, Osvaldo Papa, Marcos Ricardo Polinato, Reinaldo Henrique de Oliveira, Eduardo Espósito e Maurício Marchese Rodrigues.
Coronel
Comandante da operação no Carandiru, o coronel Ubiratan Guimarães foi morto com um tiro no abdômen em setembro de 2006, em seu apartamento, nos Jardins –área nobre da zona oeste da cidade. Em 2001, Ubiratan chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pelas mortes de 102 dos 111 presos e por cinco tentativas de homicídio, num julgamento em primeira instância.
Réu primário, ele recorreu da sentença em liberdade. Em fevereiro último, os desembargadores do TJ (Tribunal de Justiça) inocentaram Ubiratan, o que gerou protestos de entidades de direitos humanos e repercutiu negativamente no exterior. Dias depois, o mesmo Órgão Especial do TJ modificou o resumo do acórdão que absolveu o coronel. A mudança estabeleceu que os desembargadores não “declararam absolvido o réu”, mas apenas “reconheceram” que ele tinha sido absolvido pelo Tribunal de Júri. Ubiratan nunca foi preso.