Se depender dos paulistanos que nos últimos anos lutaram por um Parque Augusta sem prédios, o espaço verde que deve ser instalado no terreno de 23,7 mil metros quadrados no centro de São Paulo terá pouquíssimo concreto e muita integração com a natureza. Estas são características presentes nos dois projetos apresentados ontem por ativistas à Prefeitura, como sugestões para o local.
“Tem de ser assim mesmo”, afirmou o secretário municipal do Verde, Gilberto Natalini. “Parque não tem de ter construção. Construção é para clube.”
O encontro foi organizado pelo promotor Silvio Marques, da Promotoria de Patrimônio Público e Social. Participaram, além de Natalini, o secretário de Justiça, Anderson Pomini, e arquitetos ligados ao ativismo recente na região.
Um dos projetos é assinado pelos arquitetos Arnaldo de Melo, Marjorie Romano Modesto e Daniela Bertuol. O outro se caracteriza como uma obra coletiva, atribuída ao Movimento Parque Augusta. Ambos preveem horta comunitária, arena e cachorródromo. O primeiro projeto também traz a sugestão de um food park e até lugar para duas esculturas de Bia Doria, mulher do prefeito.
Na avaliação do promotor e dos secretários, os dois projetos poderiam ser fundidos em um só – esta foi a proposta final do encontro, aliás.
Há, porém, um senão. Conforme detalhou Natalini em conversa com o Estado na tarde de ontem, no acordo de permuta costurado em abril entre a gestão João Doria (PSDB) e as construtoras Cyrela e Setin, proprietárias do terreno, além da troca da área por lotes de equivalente valor que pertençam à Prefeitura – ainda em processo de escolha -, as empresas também se comprometeram a doar um projeto para o parque.
“Gostei muito da sugestões que recebemos (dos ativistas). Vamos chamar agora as empresas e propor para que compatibilizem essas ideias”, disse o secretário. Natalini afirmou que ainda não há como detalhar se a execução da obra também será uma doação de Cyrela e Setin ou se a tarefa será realizada por outras empresas.
As empresas disseram que não vão se pronunciar a respeito no momento.
Trâmite
Depois de escolhidos os terrenos que devem ser trocados, os mesmos devem passar por avaliação judicial. Só então, o trâmite da troca pode ser concluído, por meio de um projeto de lei que deve ser encaminhado pelo Executivo à Câmara. Presente na reunião com os arquitetos e os secretários, o vereador Aurélio Nomura (PSDB) ficará encarregado de articular a aprovação do texto.