São Paulo – O presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb Lima, está no centro de uma dupla crise que envolve espionagem internacional e acusações de favorecimento ao PT. O BB é acusado de comprar R$ 70 mil em ingressos para um show em Brasília de angariação de fundos para a nova sede do PT. Monitorado pela Kroll, contratada para abastecer de dados a guerra de empresas telefônicas do Brasil, Casseb foi seguido num encontro em Lisboa com executivos da Telecom Itália.
E agora a revista IstoÉ, desta semana, revela que ele padece da doença que custou a cabeça do diretor de política monetária do Banco Central, Luiz Augusto Candiota. O presidente do Banco do Brasil é suspeito de ter escondido dinheiro no exterior. Desde a última semana, os técnicos da CPI do Banestado começaram a esmiuçar os dados referentes às movimentações bancárias de brasileiros no MTB Bank de Nova York, apontado como uma das maiores lavanderias de dinheiro sujo oriundo da América Latina.
Companheiro de Casseb nos tempos em que ambos trabalhavam no Citibank, Luiz Augusto Candiota pediu demissão depois que a CPI rastreou 11 movimentações no MTB Bank em seu nome que não foram informadas à Receita. O nome de Casseb, ex-vice-presidente financeiro do Citibank, também foi encontrado na mesma base de dados enviada à CPI pelas autoridades americanas referente ao MTB Bank e ao Northern International.
São nove movimentações em nome de Casseb que totalizam US$ 593,855 mil (o equivalente a R$ 1,1 milhão pelo câmbio dos dias de cada operação) entre junho de 1999 e maio de 2002. Casseb tem uma conta bancária no paraíso fiscal de Nassau que foi localizada pela CPI no ano passado. A diferença entre a conta do Citibank e as movimentações no MTB Bank e no Northern é que as duas últimas são desconhecidas da Receita.
Casseb omitiu a existência da conta nas declarações entre 1999 e 2002. Pela base de dados entregues pela promotoria distrital de Nova York a um assessor do deputado José Mentor (PT-SP) em março último, o fluxo de recursos com o nome do atual presidente do BB ocorre entre contas do CBC (ex-MTB) e do Northern. Dentro dos CDs encaminhados pelo chefe do escritório da promotoria distrital de Nova York, Robert Morgenthau, surge a conta conjunta 15112119 em nome de Cássio Casseb Lima e Regina Angeli Lima, com o endereço na Rua Edgar Egídio de Souza, 100. Este é o endereço do presidente do BB no Pacaembu, em São Paulo.
Mas Casseb diz que fez tudo certo
São Paulo – No ano de 1999 há duas movimentações registradas, num total de US$ 326,4 mil. Na primeira, no começo de junho, saíram US$ 166,4 mil da conta da off-shore Orange (sim, é este o nome mesmo, laranja) International limited, nas Ilhas Virgens. O banco que remete é o MTB. A segunda transação ocorre no dia 4 de agosto. Desta vez é a off-shore Kundo S/A cujo endereço é uma caixa postal, também nas Ilhas Virgens que envia. Pelo rastreamento da conta os peritos identificaram que ela está em nome de Cássio Casseb no Northern.
A conta não está declarada no IR de 1999. Casseb informa ao Leão que, no Exterior, possui apenas a conta no Citibank de Nassau, com saldo de R$ de 2,6 milhões. Ele diz que recebeu do exterior R$ 420 mil no mês de fevereiro, antes dos depósitos rastreados pela CPI. Neste ano o presidente do BB pediu restituição de R$ 3,7 mil ao Leão. Em 2000 existem três transações com total de US$ 182,3 mil. A primeira remessa em 20 de junho.
Casseb caiu na malha fina em 2001. Em 2002 são três movimentações saindo da conta do Northern e recebidas pela Biscay Trading, num total de US$ 65 mil. Como nos exercícios anteriores, a conta no Northern não é declarada e o saldo no Citibank é zerado. Casseb disse que “todos os recebimentos no Brasil e no exterior estão declarados e registrados. O que tiver de diferente ele mostra os pagamentos à Receita”.