A Associação Ambientalista TerraViva (Atevi) promove iniciativa inédita de repovoamento de garoupas na costa brasileira para salvar a espécie da extinção. Ao todo, 10 mil alevinos produzidos em cativeiros foram introduzidos na natureza. A última soltura deste ano, 2 mil alevinos, ocorreu na quarta-feira, 15, na praia da Ilha das Cabras, região sul de Ilhabela (SP).
Conforme comunicado da associação, essa foi a quinta expedição de repovoamento promovida pela Atevi, com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A previsão é de que, em 2020, mais 10 mil peixes sejam soltos em habitat natural, totalizando 20 mil indivíduos reintroduzidos.
Responsável técnica do projeto, Claudia Kerber destaca que a produção de alevinos em laboratório e a introdução em ambiente marinho é fundamental para garantir a sobrevivência da espécie.
“Tivemos o cuidado de fazer o programa de repovoamento com animais iguais aos que estão na natureza. Pegamos todo o plantel de garoupas selvagens, fizemos o perfil genético e escolhemos todos os acasalamentos para obter um nível de parentesco muito baixo e o mais próximo possível da população que nós temos aqui na região”, afirma ela no comunicado.
A previsão é de que o projeto tenha duração de dois anos, com monitoramentos a cada 60 dias. Os dados coletados vão embasar políticas públicas para a formulação de programas de repovoamento em vários locais da costa brasileira onde as garoupas já desapareceram.
Segundo o coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário, Robson Capretz, a ausência das garoupas provoca consequências em todo o ecossistema marinho. “Assim como os tubarões e os meros, as garoupas são topo de cadeia na região que habitam e são muito importantes para manter o resto da cadeia equilibrada. Sem a sua presença, outros animais marinhos podem se reproduzir em larga escala, desequilibrando o ecossistema”, informa.
Solitária e territorialista, a garoupa tem escamas pequenas e pode atingir 50 quilos. Sua carne tem grande importância comercial, principalmente para a região Sudeste do País, onde é mais consumida.
Todos os indivíduos da espécie nascem fêmeas e, somente com cerca de 15 anos, passam a ser do sexo masculino o que, somado ao consumo excessivo da carne do animal, o coloca em risco de extinção.