A Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA) criticou a ausência de homossexuais e demais homens que fazem sexo com homens na campanha de prevenção à Aids do Ministério da Saúde, que será veiculada no período do carnaval.
A entidade, que reúne pesquisadores e integrantes de organizações não governamentais da área de prevenção à infecção e apoio a portadores do vírus, observa que seria importante um olhar para o grupo de maior vulnerabilidade. Dados do Ministério da Saúde indicam o maior número de casos da infecção por HIV entre o sexo masculino foi registrado entre homossexuais.
Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vetou peças que fizessem alusão a esse grupo e preferiu um tom “mais genérico” na campanha.
A ABIA, no entanto, mesclou as críticas com alguns destaques positivos. Entre eles, a ênfase para o uso do preservativo.
Com o mote “Pare, pense e use a camisinha”, a campanha se inspira na música Jenifer, de Gabriel Diniz e traz o slogan “Não importa se seu nome é Jennifer, João, Jéssica ou Jorge, use a camisinha. “Após declarações de integrantes do novo governo que a educação sexual e prevenção seriam assuntos do campo privado e familiar, a ABIA recebe com satisfação uma campanha trata a sexualidade com um perfil mais aberto”, afirma a associação, em nota.
Além da campanha, foi lançada uma embalagem de preservativos distribuídos pelo SUS com uma imagem que remete ao botão de ligar de aparelhos eletrônicos, também elogiada pela associação.
A ABIA chamou atenção ainda para a omissão de demandas relacionadas às pessoas trans. Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou, no início de janeiro, a cartilha de prevenção para homens transexuais foi retirada de circulação, sob a justificativa de conter uma série de incorreções. Somente dias depois ela foi colocada novamente no site do Ministério da Saúde, mas sem ilustrações polêmicas.