Foto: Arquivo/O Estado |
Janene: assessora com indícios de participação no "valerioduto". continua após a publicidade |
A CPMI dos Correios já tem indícios de que a conta bancária de Rosa Alice Valente, assessora parlamentar do deputado José Janene (PP-PR), foi um dos canais usados pelo ‘valerioduto’ para abastecer contas de parlamentares. Depois de receber nove repasses da 2S Participações e um da Rogério Lanza Tolentino Assessoria Ltda; empresas das quais Marcos Valério Fernandes de Souza é sócio, a corretora de valores Bônus Banval fez seis depósitos nas contas de Rosa Alice.
O total de repasses feito pela corretora para a assessora foi de R$ 154 mil e a CPMI suspeita que pelo menos parte desse dinheiro foi transferido para a mulher de Janene, Stael Fernanda Rodrigues Lima, e, em valores bem menores, para as filhas do deputado, Michelle e Danielle.
Segundo dados referentes às contas de Rosa Alice, no dia 14 de junho de 2004, por exemplo, a Bônus Banval colocou R$ 30 mil em nome da assessora. No mesmo dia, Rosa Alice enviou R$ 1.063,70 para Stael Fernanda, R$ 360 para Danielle Janene e R$ 570,42 para Michelle Janene, sendo as duas últimas filhas do deputado.
No dia seguinte, Rosa Alice repassou mais R$ 8 mil para Stael. No dia 16, a assessora passou R$ 1.914 para o próprio líder do PP. Outras operações nesses moldes aconteceram na conta da assessora em outras datas.
A CPMI também acha anormal o volume de movimentação bancária na conta de Rosa Alice. De 2000 a 2005, um total de cerca de R$ 1,5 milhão foi depositado em sua conta. Como assessora da Câmara, o salário de Rosa Alice é incompatível com essa movimentação, com seus vencimentos equivalendo a cerca de R$ 3 mil mensais no momento de maior valor.
A CPMI investiga se as contas de Rosa Alice funcionam como um espécie de "conta ônibus". Ou seja, o dinheiro entra e sai dela constantemente. A CPMI trabalha com a hipótese de que Janene e seus parentes teriam livre trânsito pela conta da Rosa Alice.
Janene fez oito transferências para a assessora, totalizando R$ 139,5 mil. A CPMI achou ainda uma terceira fonte de recursos suspeita nas contas da assessora. A operação descoberta, de 21 de janeiro, de R$ 11.628, foi feita por Enivaldo Quadrado, um dos diretores da Bonus-Banval."
Uma das abastecedoras das contas da Bônus Banval, a Rogério Lanza Tolentino Associados Ltda; repassou de uma só vez R$ 3,4 milhões para a corretora. A 2S Participações repassou mais R$ 3,2 milhões em nove operações para a Bônus Banval. Assim, a corretora recebeu pelo menos R$ 6,6 milhões diretamente do ‘valerioduto’.
A CPI quer saber se a Bônus Banval abasteceu outras contas, além da de Rosa Alice Valente, para escoar o dinheiro enviado por Valério, já que apenas R$ 154 mil entraram na conta da assessora.