Grampos da Castelo de Areia, operação integrada da Polícia Federal com a Procuradoria da República, atingiram também o gabinete do senador Mão Santa (PMDB-PI). Mão Santa não foi interceptado pela PF. Mas, em uma conversa gravada, Luiz Henrique Bezerra, emissário em Brasília da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foi cobrado sobre um depósito por Doca Lustosa, assessor do senador do PMDB. Luiz Henrique é filho de Valmir Campelo, ministro do Tribunal de Contas da União, e, segundo a PF, seria elo entre a empreiteira Camargo Corrêa e suposto esquema de doações eleitorais “por fora”.
O peemedebista é o terceiro senador citado no inquérito aberto para investigar licitações fraudulentas, superfaturamento de obras públicas e lavagem de dinheiro, e que avançou para o plano eleitoral. Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Agripino Maia (DEM-RN) foram os primeiros senadores mencionados como beneficiários de doações. Eles negaram envolvimento com irregularidades e apresentaram recibos para comprovar a legalidade das contribuições eleitorais. Outras pessoas não ligadas diretamente à investigação também tiveram conversas gravadas e destacadas em relatório da PF, como o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão, conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou no domingo (29).
Relatório de Inteligência da PF destaca um capítulo para o episódio do assessor de Mão Santa. A PF avalia que a cobrança a Luiz Henrique, grampeada, tratava possivelmente de doação ilegal de campanha da Camargo Corrêa. As suspeitas têm como base diálogo entre Doca e Luiz Henrique na manhã de 1º de outubro, perto das eleições municipais. Mão Santa não respondeu aos diversos recados deixados com sua filha e assessores.