Apontado num inquérito da Polícia Civil do Rio Grande do Sul como um dos seis responsáveis por tentativa de fraude em licitação para coleta de lixo em Porto Alegre, o assessor da Secretaria Municipal da Saúde Garipô Selistre pediu demissão nesta quinta-feira (3). A decisão foi tomada três dias antes do início da campanha eleitoral e livra o prefeito José Fogaça (PMDB), candidato à reeleição, do constrangimento de explicar aos adversários a manutenção de Selistre no cargo.
O advogado dele, Andrei Schmidt, afastou motivações políticas para a atitude. "Nosso objetivo é evitar especulações", afirmou, eximindo-se de falar do inquérito, que foi encaminhado pelo delegado Marcelo Pereira ao Ministério Público Estadual (MPE) na segunda-feira, e alegando que só será o caso de se pronunciar se houver denúncia à Justiça.
A concorrência pública iniciada em 2006 escolheria uma empresa para toda a coleta de lixo da capital gaúcha, mas foi cancelada depois de uma investigação do Ministério Público de Contas (MPC) apontar falhas na elaboração do edital e indícios de tentativa de acordo entre as concorrentes. Na seqüência, o caso passou a ser investigado pela Delegacia Fazendária.
Dos seis indiciados na investigação, três estavam ligados à prefeitura da capital à época da licitação. O ex-assessor da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre era o diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e afastou-se da função, mas logo depois foi contratado pela Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa) e transferido para a Secretaria Municipal da Saúde.
Os outros dois são o ex-supervisor de Operações da Procempa Geraldo Felippe e o presidente daquela comissão de licitação, Jary Fontana.Também foram indiciados o arquiteto José Aléxis de Carvalho, o consultor Fábio Pierdomenico e o empresário Mauro Jungblut
Concorrência
Depois do cancelamento daquela concorrência, a administração municipal elaborou outra licitação e contratou os serviços de três empresas em setembro. O novo procedimento não foi contestado. O secretário municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Clóvis Magalhães, articulador da campanha de Fogaça não quis comentar o assunto.