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Arte com tiras de papel vira febre em SP

É de muita leitura a rotina do advogado Gabriel Salles, de 32 anos. Há quatro meses, para “aliviar o estresse”, ele procurava uma atividade para as horas vagas. Encontrou, por sugestão da mãe, Maria Luísa, de 60 anos, que é artesã, uma técnica que até então desconhecia: o quilling.

“Ela achou que eu pudesse me interessar, porque o quilling trabalha um pouco com dobradura de papel, lembra um pouco origami”, diz.

O quilling é uma arte manual que faz espirais em fitas de papel para criar desenhos em relevo. Aos poucos, ganha espaço no Brasil, embora seja mais conhecida na China e nos Estados Unidos.

Entre julho e agosto deste ano, a técnica foi tema de ao menos quatro oficinas em São Paulo, com custo que varia entre R$ 150 e R$ 360 para apenas um dia de aula. “Exige um pouco de paciência, mas é super gostoso. Você vai fazendo, o tempo vai passando, e você nem percebe”, descreve Salles.

O novo hobby deu “tão certo” que o advogado enviou a primeira peça, um cartão, para a mãe, como forma de agradecimento.

Artesã e professora de quilling, Fabíola Silva, de 34 anos, viu o crescimento da técnica no País de perto. “Aprendi de forma autodidata (há 12 anos). Na época, não tinha curso”, conta.

Há dois anos, ela deixou a carreira na publicidade para se dedicar às artes manuais e criar a marca Laço do Infinito Handcraft. Fabíola leva de quatro a cinco dias, em média, para fazer apenas uma peça. “Quilling é ‘arteterapia’. É um trabalho de concentração, de paciência, é colado tirinha por tirinha. Brinco que é a técnica de enrolar e beliscar, de enrolar as espirais e beliscar com as mãos para deixar o modelo do jeito que quiser.”

Segundo a artesã Denise Dick, de 30 anos, letras e mandalas são os tipos de desenhos mais procurados. Ela afirma que a técnica cresceu junto com a popularização do lettering (prática de desenhar letras). Outra vantagem do quilling é o baixo custo dos materiais, porque são utilizados basicamente papel e cola. “Está uma onda bem forte. Viajo o Brasil todo para dar curso”, diz a fundadora da marca Petrichor.

Internet

Denise Dick reúne mais de 340 ex-alunos e praticantes de quilling em um grupo de Facebook, onde há troca de dicas e compartilhar trabalhos. Para ela, a internet facilitou a adesão. “Antes tinha pouquíssimo material em Português.”

Grande parte dos novos adeptos, contudo, vem do Instagram. A comerciante Claudia Sandes, de 51 anos, por exemplo, costumava se considerar “muito ativa” para trabalhos manuais, até ver uma postagem sobre quilling. Ao saber que haveria uma aula para iniciantes em São Paulo, saiu de casa na mesma hora para não perder a oportunidade. “Me ajudou demais emocionalmente. É uma coisa que me enche os olhos e acalma a minha alma”, conta ela, que está em tratamento contra um câncer.

Formada em Turismo, Kamila Amarante, de 40 anos, viu no quilling um novo hobby. Ela já foi adepta do bordado, da pintura e de livros de colorir. Ela diz que a técnica ajuda a lidar com a depressão, diagnosticada há dois anos. “No meio do tratamento, era necessário me focar em coisas que gostava, e descobrir esse hobby novo me ajudou muito”, conta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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