Arte barroca em igreja de 1780 será restaurada em Itu

A igreja de Nossa Senhora da Candelária, de Itu, construída em 1780 e considerada um dos grandes símbolos do barroco paulista, terá seu processo de restauro acelerado. Com recursos da Lei de Incentivo à Cultura (Linc), serão restauradas as pinturas de José Patrício da Silva Manso (1753-1801) na capela-mor, as esculturas representando São Pedro e São Paulo e os altares.

As pinturas inéditas descobertas recentemente sob camadas de tinta, e que podem ser do frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819), serão resgatadas. O religioso, outro expoente do barroco sacro, trabalhou com Silva Manso na pintura do teto sobre o altar-mor.

A comissão de restauração anunciou nesta terça-feira, 20, a obtenção de R$ 6,8 milhões para a fase mais importante da obra. Os recursos, repassados pela prefeitura local e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vão permitir a recuperação da parte artística da igreja.

A restauração das obras de arte, incluindo o altar principal de Nossa Senhora Candelária, talhado em madeira e revestido com folhas de ouro, e ainda os laterais dedicados a Nossa Senhora da Conceição e a São Miguel, deve demorar cerca de dois anos. As atividades religiosas não serão suspensas. Os trabalhos foram entregues à equipe do restaurador Júlio Moraes, responsável pelo restauro das telas de Cândido Portinari, em Brodowski, e de pinturas do Teatro Municipal de São Paulo, entre outras obras.

A igreja matriz de Itu vem sendo restaurada desde 2000, mas até agora a maior parte dos custos foi bancada pela própria comunidade. Os trabalhos recompuseram a parte estrutural da igreja, construída em taipa, e ameaçada por infiltrações. Além da recuperação do telhado, houve a troca do forro e do piso, e a renovação das partes elétrica e hidráulica. O órgão Cavaillé-Coll trazido da França em 1883 ainda será reformado.

Cana e Café

O acervo arquitetônico da matriz reflete a evolução do interior paulista e do próprio Estado durante os ciclos da cana-de-açúcar e do café, explica a secretária municipal da Cultura, Allie Marie Queiroz. O prédio foi construído em tempo recorde para suas dimensões – cerca dez anos, de 1770 a 1780, quando foi inaugurado -, e a obra foi patrocinada por fazendeiros do café e donos de engenhos de açúcar da época. A restauração, iniciada há 16 anos, já demora mais que a própria construção. A igreja é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e uma de suas reformas foi executada pelo arquiteto Ramos de Azevedo.

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