Brasília (AE) – O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix, disse ontem que o acesso aos documentos do regime militar continuará restrito mesmo com a transferência da papelada para o Arquivo Público Nacional. Ele argumentou que o direito à privacidade dos citados nas fichas do antigo SNI é uma garantia constitucional. ?Acredito que a maior parte desses documentos, quando sair daqui para outro lugar, terá o mesmo tratamento?, afirmou Félix. ?O acesso depende exclusivamente da autorização da pessoa mencionada ou da família dela.?

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A abertura dos arquivos da ditadura vem sendo propagada aos quatros ventos pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que no entanto, evita explicar a decisão do governo de tornar públicos os papéis da época e informar quem de fato terá acesso aos documentos.

Após participar da abertura do Seminário Internacional sobre Atividade de Inteligência e Desafios Contemporâneos, na sede da Abin, Félix ressaltou que os conceitos morais explícitos nos documentos da época só poderão ser explicados pelas próprias pessoas citadas ou pelos agentes que os produziram, negando qualquer envolvimento da atual agência de inteligência na elaboração das análises. ?O que está escrito está escrito?, afirmou. ?Não podemos fazer juízo de valor, se aquilo é verdade ou mentira, certo ou errado.?

O general ressaltou que a Abin emitiu, nos últimos anos, dez mil certidões com dados sigilosos a pessoas citadas nos arquivos do SNI. Ele reclamou que, 15 anos depois da extinção do órgão e 20 anos depois do início do processo de redemocratização parte da sociedade ainda não conhece as atribuições e o papel do serviço secreto para a consolidação da democracia. ?As cicatrizes (do regime militar) continuam sendo exploradas como se essas coisas tivessem acontecido ontem?, disse. ?Ainda é difícil trabalhar o amor próprio dos profissionais da área de inteligência porque existe uma compreensão errada da sociedade em relação ao trabalho da agência.?

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