Um balanço estatístico divulgado nesta segunda-feira, 11, pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), órgão ligado ao governo do Estado, indica a queda dos índices de violência após a criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Já existem 38 unidades instaladas no Estado, mas a pesquisa abrange 36 – os números das duas mais recentes, Vila Kennedy e Mangueirinha, ainda estão sendo tabulados. Nas outras 36, o número de homicídios decorrentes de intervenção policial, por exemplo, caiu 85,5% entre os anos de 2008, quando houve 136 ocorrências, e 2014, quando foram registrados 20 casos.
Em 2007, o número de homicídios desse tipo em áreas que depois ganharam UPP era de 30,3 por cem mil habitantes, e caiu para 3,7 em 2014. Em todo o município do Rio esse número era de 14,8 em 2007 e chegou a 3,8 em 2014.
O número de homicídios dolosos em áreas com UPP caiu 65,5%: foram 116 casos em 2008 e 40 em 2014. A taxa das áreas com UPP caiu de 30,9 por 100 mil habitantes em 2007 (167 vítimas) para 7,4 por 100 mil habitantes em 2014 (40 vítimas). No mesmo período, a taxa do município do Rio foi de 38,4 por 100 mil habitantes em 2007 (2.336 vítimas) para 19,3 por 100 mil habitantes em 2014 (1.246 vítimas).
A letalidade violenta, indicador que inclui homicídio doloso, latrocínio, homicídio decorrente de intervenção policial e lesão corporal seguida de morte, reduziu 81,6% de 2007 (332 ocorrências) a 2014 (61 registros). A apreensão de drogas aumentou 301% de 2008 a 2014, e a apreensão de armas caiu 70,1% nesse período.
“Existe muita contestação se a UPP deu certo ou não. Ouço em diferentes locais, em diferentes segmentos sociais, pessoas dizendo que a UPP não deu certo. Mas não deu certo em que sentido? Porque como política de redução de mortes ela é muito eficaz”, afirma a presidente do ISP, Joana Monteiro. “A UPP de fato não é uma política que mudou a realidade das favelas. Mas como política de segurança, para reduzir aquele cenário de guerra, de confrontação e morte que havia dentro das comunidades, ela é muito exitosa. Acho que a sociedade fluminense não tem muito claro o que seria voltar para o nível que estávamos antes”, conclui.
O balanço considerou os boletins de ocorrência registrados nas delegacias da Polícia Civil no Estado e, para identificar os números das UPPs, levou em conta apenas as ruas ou trechos de ruas que estão sob a responsabilidade dessas unidades. O estudo foi feito em parceria com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora e tomou por base as ruas e pontos de referência de cada comunidade e os limites das UPPs publicados no Diário Oficial do Estado.