O arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Geraldo Majella Agnelo, foi ao Hospital Ana Neri, na capital baiana, no fim desta manhã, para abençoar o menino de 2 anos e 7 meses ferido com 31 agulhas em Ibotirama, interior da Bahia. “Que este menino volte à vida normal e tenha, no futuro, um modo de viver mais humano”, desejou o cardeal.

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Pouco antes, a mãe Stella de Oxóssi, uma das principais lideranças do candomblé no País, reuniu a imprensa no Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, para repudiar a suposta relação entre o crime e religiões africanas – confessado pelo padrasto da criança, que contou ter inserido as agulhas no corpo do enteado e relacionou o ocorrido a rituais de magia negra. “Esse homem é um louco, não sabe nada sobre nossa religião ou nossas práticas”, afirmou. “Associar o que essa criança sofreu com magia negra serve apenas para ampliar a discriminação sobre o candomblé.”

O padrasto da criança, o auxiliar de serviços gerais Roberto Carlos Magalhães, de 30 anos, cumpre prisão preventiva, assim como sua suposta amante, Angelina Ribeiro dos Santos, acusada por ele de ter participado das sessões de tortura ao menino.

Segundo a equipe médica do hospital, a criança passa bem após ser submetida a três cirurgias, nas quais foram retiradas 22 agulhas. A criança respira e se alimenta normalmente, mas continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica. Ele deve deixar a UTI entre hoje e amanhã. Espera-se que em até duas semanas ele receba alta hospitalar.

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Nesta manhã de hoje, a mãe do menino, a empregada doméstica Maria Souza Santos, deixou o hospital com um carrinho de compras cheio de brinquedos e alimentos que ganhou de pessoas que acompanharam o drama da família. “Quero agradecer a Deus, aos doutores que lutaram pela vida do meu filho e a todo mundo que rezou pela gente”, disse.