Diante da repercussão negativa após a publicação do decreto federal que abriu espaço para explorar projetos de mineração em uma área enorme da Amazônia entre o Pará e o Amapá, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, convocou uma coletiva de imprensa às pressas em Brasília, no fim da tarde desta sexta-feira, 25, para defender a iniciativa e “esclarecer dúvidas”.

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Coelho Filho se comprometeu em não alterar o tamanho das unidades de conservação que fazem parte da Reserva Nacional de Cobre e Associadas (Renca) e disse que o governo cumprirá a legislação ambiental, de não liberar projetos dentro dessas áreas. O tema ganhou forte repercussão após a modelo brasileira Gisele Bündchen criticar o decreto assinado na quarta-feira, 23, pelo presidente Michel Temer, que abriu espaço para explorar mineração em algumas áreas da reserva, uma área do tamanho do Estado do Espírito Santo.

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A redução de unidades de conservação tem sido um expediente recorrente no governo, com a finalidade de liberar áreas antes protegidas para operações de mineração. A estratégia é simples: como essas unidades de conservação não podem ter atividades minerais, o governo reduz o território dessas unidades por meio de projetos de lei ou medidas provisórias, autorizando atividades onde antes era proibido. Segundo Coelho Filho, “isso não está em discussão”.

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“Está tendo algum desencontro de comunicação”, disse o ministro, lendo trechos do decreto que foi publicado. “A reserva sempre foi mineral. Nunca foi reserva ambiental. Essas reservas continuam sendo reservas ambientais, sejam estaduais ou federais.”

O ministro do MME disse que informações de consultorias e organismos não governamentais apontaram que existem hoje 28 pistas de pousos clandestinos na região e aproximadamente mil pessoas praticando garimpo ilegal. Segundo Coelho Filho, porém, não cabe ao MME o papel de fiscalização dessas atividades. O que o decreto vai exigir, disse, é que explorações minerais na região terão de se submeter à legislação ambiental.

A área de 47 mil quilômetros quadrados em plena floresta amazônica, é alvo de projetos para extração de ouro e outros minerais nobres. Criada por meio de um decreto publicado em 24 de fevereiro de 1984, a reserva tinha o propósito inicial de explorar grandes jazidas de cobre incrustadas na região, mineral extremamente valorizado à época por conta das atividades do setor elétrico. Essa exploração, porém, nunca ocorreu. Nos últimos 33 anos, porém, foram criadas sete florestas protegidas e duas terras indígenas na região, cobrindo praticamente 80% de toda a área.

A área engloba nove áreas protegidas: o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, as Florestas Estaduais do Paru e do Amapá, a Reserva Biológica de Maicuru, a Estação Ecológica do Jari, a Reserva Extrativista Rio Cajari, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru e as Terras Indígenas Waiãpi e Rio Paru d’Este. De todas essas unidades e terras indígenas, apenas uma pequena parcela da Floresta Estadual Paru prevê atividades de mineração. Nas demais áreas, a exploração é 100% proibida, seja conta da relevância ambiental da unidade ou por falta de um plano de manejo florestal.

Há mais de 550 requerimentos de pesquisa na região feitos após a criação da Renca, os quais serão cancelados. Outros 170 títulos requeridos ou outorgados antes da criação da reserva permanecerão em vigor.

Segundo Coelho Filho, a exploração mineral será analisada e não ocorrerá imediatamente. “Esses projetos no Brasil levam, em média, dez anos para começar. Na Austrália, são quatro anos. Queremos reduzir esse prazo.”

A modelo Gisele Bündchen usou as redes sociais nesta quinta para criticar a medida. “Vergonha! Estão leiloando nossa Amazônia! Não podemos destruir nossas áreas protegidas em prol de interesses privados”, disse Gisele no Twitter. Depois de grande repercussão da postagem, a modelo fez uma nova publicação convocando os brasileiros a “dizerem não ao abrandamento da proteção da Amazônia, seja por decreto, medida provisória, projeto de lei ou o que for.”