Considerados um dos principais investimentos no combate às enchentes em São Paulo, a Prefeitura vai entregar até o fim do ano menos piscinões do que havia prometido. No início da gestão João Doria e Bruno Covas (PSDB), era prevista a construção de 19 reservatórios na capital, mas só 13 devem ficar prontos até o fim do ano. Em nota, a Prefeitura disse que, ao fim do mandato, a cidade terá 54% piscinões a mais do que antes.

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Nos últimos dias, fortes chuvas e rajadas de vento atingiram São Paulo. Uma mulher está desaparecida na zona leste e o temporal causou a morte do morador de rua Kaique Moraes da Silva, de 22 anos, que sofreu uma descarga elétrica quando tentava se proteger da chuva na Avenida Rio Branco, no centro. Ele queria se abrigar em um ponto de ônibus, mas escorregou e encostou em um poste de luz.

Na cidade, há 927 pontos com risco de alagamento mapeados, segundo a Prefeitura. Em 2017, a cidade tinha 24 reservatórios. Doria prometeu na época fazer 19 novos piscinões. Até agora, no entanto, apenas oito foram entregues. Mais cinco reservatórios devem ficar prontos até o fim do ano, diz a Prefeitura.

“O piscinão tem o efeito de amortecimento de cheia. Recebe a água, enche e evita que outras regiões sejam alagadas. Depois essa água é novamente descarregada”, diz o engenheiro Antonio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “É uma solução de macrodrenagem, mas sozinho não é suficiente.”

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Outras medidas contra cheias seriam as “piscininhas” (reservatórios menores, obrigatórios para construções com mais de 500 m²) e o aumento de áreas permeáveis na cidade. Entre as dificuldades, a construção de grandes reservatórios esbarra no alto preço dos terrenos na capital, segundo Zuffo. “Qualquer solução de macrodrenagem envolve desapropriações, o que custa caro”, diz.

No Jardim Pantanal, zona leste, um piscinão foi inaugurado em 2011 – ainda assim, a região segue sofrendo com alagamentos. “Amenizou demais o impacto das chuvas, mas não resolveu definitivamente porque continuou tendo enchente”, diz o líder comunitário Euclides Mendes, da Vila Itaim. Segundo relata, há córregos que transbordam por causa do acúmulo de lixo e provocam alagamentos.

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Na Vila Itaim, os moradores têm de se adaptar às cheias. “Muitas pessoas construíram barreiras nas portas das casas para tentar impedir a água de entrar. Nem sempre adianta”, relata Mendes. “Também tem gente que já fez até móvel de tijolo – é sofá, cama – porque cansou de ter de jogar fora.”

Nesta quinta-feira, 9, o município ainda interditou 30 imóveis – quatro casas, um estacionamento, uma fábrica e um condomínio com 24 residências – na Vila Carmosina, também na zona leste, após deslizamento de terra causado pela chuva da noite anterior. Famílias foram deslocadas e não há data para liberar a área.

Plano

Desde 2017, as metas para controle de cheias ficaram menos ambiciosas. O Plano de Metas previa redução de 15% nas áreas inundáveis da cidade – revisão feita por Covas em 2019 menciona só retirar 360 mil toneladas de detritos de piscinões já existentes, além de conceder à iniciativa privada quatro reservatórios já construídos e inaugurar mais cinco.

A Parceria Público-Privada (PPP) dos Piscinões ainda está em fase de consulta pública e não tem data para sair. Pelo planejamento, os novos reservatórios serão no Sacomã, zona sul, em Itaquera, zona leste, e em Pinheiros e na Lapa, zona oeste. O contrato previsto é de 33 anos. A Prefeitura pagará até R$ 2,6 milhões por mês à concessionária que oferecer o menor valor de contraprestação mensal.

Em nota, a gestão Covas disse que o número de piscinões na cidade chegará a 37 até o fim da gestão. “Este ano outros cinco piscinões entrarão em operação: Aricanduva R7 e R8, Tremembé R5, Córrego Paciência e Lagoa Aliperti (no Ipiranga).”

Em 2019, cinco reservatórios foram concluídos – dois deles no Córrego do Ipiranga – e devem entrar em operação em breve. “A Secretaria de infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) trabalha também na execução dos projetos executivos de um piscinão no Córrego da Mooca e de mais cinco piscinões na bacia do Ribeirão Perus.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.