Após a manifestação de segunda-feira em apoio aos professores em greve que reuniu mais de 50 mil pessoas na Avenida Rio Branco, no centro do Rio, dezenas agiram livremente na tentativa de invasão e incêndio da Câmara de Vereadores, na destruição de 24 agências bancárias e na depredação de prédios simbólicos como o Clube Militar e o Serrador, sede da empresa EBX, de Eike Batista, além dos Consulados dos EUA e de Angola. Uma loja da Nextel e uma agência da TAP foram completamente destruídas na Rio Branco.

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Em toda a cidade do Rio, 27 ônibus foram atacados. Um deles foi incendiado na Rio Branco, no primeiro caso registrado na avenida desde a década de 1980. Segundo a Polícia Militar, 18 manifestantes foram detidos e um PM ficou ferido com uma pedrada. A Secretaria municipal de Saúde informou não ter um balanço de atendimentos na noite de segunda-feira.

No consulado Americano, pelo menos quadro vidraças foram destruídas e uma marca na fachada indicava que artefatos incendiários foram lançados contra o prédio. Os danos foram apenas externos, informou uma funcionária. Seguranças não reagiram e ninguém ficou ferido. Perguntado se havia blindagem nas janelas, o consulado informou que não poderia comentar a informação, por motivo de segurança.

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No consulado angolano, os danos mais visíveis ocorreram no Espaço Cultural de Angola, que fica no térreo. Quatro vidraças ficaram estilhaçadas. O consulado de Angola informou que não

comentaria o ocorrido, mas se manifestaria pelos canais diplomáticos competentes, em Brasília.

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O quarteirão da representação do país africano, no fim da Rio Branco, foi um dos mais atingidos. Ali, o ônibus foi incendiado e uma agência bancária, um restaurante e as lojas da TAP e da Nextel foram atacados. A loja de telefonia, que empregava 36 pessoas, virou uma montanha de entulho. A Nextel limitou-se a repudiar o ocorrido e dizer que ainda não é possível mensurar os prejuízos.

O Clube Militar teve pelo menos oito vidros do portão de entrada e vários do terceiro e quarto andares destruídos. O prédio abriga a associação dos militares da reserva e salas comerciais. Houve um princípio de incêndio, segundo o general Clóvis Bandeira, assessor da Presidência. Apesar de outros prédios do entorno terem sido poupados, o general evitou reconhecer que os militares tenham sido um alvo premeditado de black blocs. “O vandalismo foi total na Cinelândia”, disse Bandeira. Ele comentou, porém, a falta de ação da Polícia Militar na prevenção. “A PM está cerceada. É obrigação do Estado manter a ordem pública ou até de impor a lei. Mas a PM tem medo do patrulhamento da imprensa e dos movimentos. Em casos como o de ontem, a polícia vai para apanhar?”

Quando policiais do Choque perseguiam Black Blocs na Rua do Passeio, dois seguranças do prédio do Automóvel Clube, que está em reforma, quase desmaiaram com os efeitos das bombas de gás. O prédio está fechado e não tem janelas, por causa das obras. Ficou tomado por uma nuvem de gás tóxico, e eles só conseguiram sair após o confronto.

Os bancos evitaram comentar as depredações. Foram atacadas várias bandeiras, tanto públicas quanto privadas. Em alguns, como o Banco do Brasil, que fica ao lado da Câmara dos Vereadores, a destruição foi quase completa – até mesmo o cofre ficou exposto em meio ao incêndio, mas não foi levado.