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Após morte de macacos, Campinas decide vacinar população contra febre amarela

A população de Campinas será vacinada contra febre amarela. A decisão foi tomada nesta sexta-feira, 24, pela Secretaria de Saúde de São Paulo, diante da confirmação de morte de três macacos bugios no distrito de Sousas. Os laudos foram divulgados pelo Instituto Adolfo Lutz. Numa reunião com integrantes do Ministério da Saúde, nesta tarde, foram solicitadas 3 milhões de doses do imunizante para vacinar tanto a região, até agora considerada livre de risco para a doença, quanto para reforçar as ações de bloqueio na região de São João da Boa Vista e Piracicaba.

“Estamos absolutamente estupefatos. A epidemia de febre amarela nunca foi assim”, afirmou o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde de São Paulo, Marcos Boulos. Ele conta que, em ciclos anteriores, as epizootias (mortes de animais, primeiros sinais de que há um aumento da circulação do vírus), ocorriam em regiões limitadas. Essa fase era seguida por casos em humanos, mas num ciclo relativamente rápido, limitado. “Neste ano, assistimos a uma queda de casos importante numa região e, em sequência, o aparecimento de epizootias em outros.”

Boulos afirma não haver nenhuma explicação para isso. “Os macacos seguem rotas próximas de cursos de água. São corredores conhecidos. Não esperávamos que eles saíssem dessa e região e fossem para outros lugares até então considerados insuspeitos.” Além da área rural de Campinas (até agora considerada livre de risco para febre amarela), casos de macacos mortos foram identificados também próximo de Monte Alegre do Sul e Amparo. Nessas duas cidades, a vacinação já teve início.

O coordenador observou que já havia a expectativa de que a febre amarela iria se expandir pelo Estado, mas não de forma tão rápida. “Não esperávamos agora. Mas chegou. Vamos ter de trabalhar com a situação atual sem, neste momento, buscar grandes explicações para isso.”

Como não há suspeita de casos em humanos, a vacinação de bloqueio será feita de forma progressiva. “Vamos começar com a área rural próxima de Campinas e, com passar dos dias, chegar à área urbana.” A estimativa é de que a vacinação na região seja concluída num prazo máximo de 10 dias.

Uma reunião será feita segunda para acertar os detalhes da operação. O coordenador afirmou que, pelo fato de Campinas não ser área de risco, a cobertura vacinal da região é baixa. “Mas temos experiência com vacinações. Não haverá problemas. Nem falta de vacinas.”

O primeiro lote solicitado ao Ministério da Saúde deve chegar nos próximos dias. “Virão 200 mil doses, depois, mais 500 mil até chegar aos 3 milhões.”

Boulos disse que não há, a princípio, intenção de estender a vacinação para litoral paulista ou para São Paulo. “Estamos alertas. Acompanhando as epizootias. Se houver mais casos, em novos locais, vamos ampliando as regiões de vacinação.”

O coordenador ressalta ser necessária uma medida exata para vacinação. “Não podemos ser imprudentes, solicitar uma vacinação em massa, pois a vacina traz riscos.” Feito com vírus atenuado, o imunizante pode provocar morte entre até 1 a cada 200 mil até 1 a cada 1 milhão de casos. “Há contraindicações. Quando a vacinação é feita em grandes campanhas, há sempre o risco de a triagem de pacientes com contraindicação não ser feita da forma adequada. Ao mesmo tempo, não podemos abrir a guarda e deixar de vacinar, quando o risco ocorre. Precisamos ser exatos.”

O epidemiologista André Ricardo Ribas Freitas alertou que pessoas que pretendam visitar a área rural de Sousas e Joaquim Egídio estejam previamente vacinadas contra a febre amarela.

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