Quando o empresário de 61 anos, posteriormente confirmado como o primeiro caso de coronavírus do País, deu entrada no pronto-atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na noite de segunda-feira, a primeira hipótese era a de um quadro gripal simples. Naquele momento, o Ministério da Saúde nem tinha anunciado oficialmente em suas plataformas que pacientes vindos da Itália também deveriam ser monitorados, mas, por cautela, o Einstein decidiu testá-lo para o novo vírus.

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“O paciente apresentava sintomas muito leves de gripe, mas tinha no histórico a vinda da Itália. Apesar de não constar na diretriz da OMS (Organização Mundial da Saúde) que a gente tinha de ter preocupação com cidadãos oriundos da Itália, a gente entendeu que, pela viagem dele e por, naquele fim de semana estar aumentando o número de casos na Itália, seria melhor certificar e colher o sangue. No momento do atendimento, ninguém sabia que ele podia ter o coronavírus”, contou o presidente do Albert Einstein, Sidney Klajner.

Como o paciente tinha quadro sem complicações, ele permaneceu só uma hora no pronto-atendimento, foi liberado na noite de segunda e orientado de que o resultado dos exames sairia no dia seguinte. Na manhã de terça, veio a confirmação e a direção do hospital convocou reunião emergencial. A ação rápida na realização dos testes e definição de condutas foi possível, segundo Klajner, porque o hospital já havia montado em dezembro um grupo extraordinário para tratar da evolução do surto de coronavírus.

Mesmo com a preparação interna, o hospital teve de enfrentar situações de medo e desinformação por parte de pacientes e funcionários após a confirmação do caso. Na noite de terça, quando o ministério confirmou publicamente o caso, 21 pacientes cancelaram consultas marcadas no hospital para o dia seguinte e outros quatro quiseram adiar cirurgias agendadas.

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“Uma paciente que eu operaria na quarta-feira cedo me ligou terça à noite perguntando se não valia a pena adiar a cirurgia porque o hospital estaria infestado de vírus.” Klajner conta que explicou a ela a forma de transmissão da doença. “Falei que estou indo para o hospital todos os dias às 6 horas da manhã porque julgo que o hospital é o lugar mais seguro para eu estar. Ela se convenceu e já operou”, conta ele, que é cirurgião do aparelho digestivo.

Funcionários também tiveram de ser tranquilizados e melhor informados. “Nós precisamos passar informações com referência, conversar com as secretárias dos consultórios que estão aqui dentro e com os profissionais de atendimento. Por um desconhecimento, a gente encontrou orientações das secretárias dos médicos as mais variadas possíveis, do tipo: ‘use máscara na entrada do consultório’. Nossa diretoria de prática médica parou tudo o que estava fazendo e fez a abordagem consultório por consultório pessoalmente para explicar, deixar um QR Code que direciona para o blog com perguntas e respostas e orientar os médicos no homem a homem”, conta ele.

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Para minimizar rumores e medo, o hospital divulgou esclarecimentos em seu site e redes sociais. Com isso, o número de cancelamentos de consultas na quinta-feira passou para apenas quatro. Ontem, nenhum cancelamento foi registrado.

Telemedicina

O paciente com coronavírus, diz Klajner, nem precisou voltar ao hospital após o diagnóstico. É acompanhado pela equipe por recursos de telemedicina, com ligações e videoconferências, se preciso – parentes também são orientados sobre medidas de prevenção. Só a médica que atendeu o empresário está em isolamento por precaução. Os protocolos de segurança foram ampliados com a implementação de 12 leitos de isolamento no pronto-atendimento e a ativação de ala específica para pacientes com sintomas respiratórios na triagem. “Esse paciente já sai da triagem com máscara, higienizando a mão com álcool em gel e vai para outro espaço. De modo eletrônico, o profissional já fica sabendo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.