O quinto ato contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo terminou nesta terça-feira, 27, de forma pacífica no Largo da Batata, após uma marcha de 2h30 que pela primeira vez parou a Marginal do Pinheiros. Meia hora depois, porém, houve tumulto dentro da Estação Faria Lima do Metrô com bombas de gás e pessoas desmaiadas.
Um grupo de manifestantes pretendia fazer um “catracaço” e negociava com seguranças da ViaQuatro, concessionária responsável pela Linha 4-Amarela, quando a Tropa de Choque desceu as escadas. Houve um princípio de tumulto e um manifestante lançou uma pedra em um funcionário do Metrô.
A PM reagiu, lançando ao menos seis bombas de gás lacrimogêneo em dois minutos. A estação estava lotada. Houve correria e muita gente passou mal. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo viu três pessoas desmaiarem; outras vomitaram. Uma pessoa foi detida.
Passageiros de uma composição seguraram as portas para que as pessoas pudessem entrar e fugir do tumulto. Mesmo seguranças da ViaQuatro e policiais passaram mal por causa do gás. Até as 23h20, não havia informações de detidos ou número total de feridos.
O repórter da TV Estadão Fernando Otto foi atingido por uma bala de borracha lançada pela PM na saída da Estação Faria Lima, enquanto filmava a ação de mascarados que depredavam os vidros. A bala atingiu o celular que estava em seu bolso – que ficou destruído. Otto não se feriu. No ato anterior, no centro de São Paulo, que foi dispersada na Avenida São João, após confronto entre black blocs e PMs, pelo menos duas pessoas que acompanhavam a marcha ficaram feridas, incluindo o repórter do Estado Edgar Maciel, atingido na perna por bala de borracha.
O ato do Movimento Passe Livre (MPL) havia saído do Largo da Batata às 19h15 e bloqueado a Avenida Brigadeiro Faria Lima no sentido da Ponte Eusébio Matoso. Segundo a Polícia Militar, mil pessoas faziam parte da caminhada. Já o MPL falava em 10 mil. A major Dulcinéia Lopes, responsável pela operação, informou que 350 militares faziam o policiamento, menor efetivo desde que começaram os protestos contra a tarifa de R$ 3,50, que entrou em vigor no dia 6.
“Não vamos deixar (seguir) na Paulista, em decorrência das obras, e na Marginal (do Pinheiros) por causa do trânsito”, afirmava a major, ainda no Largo da Batata, onde ocorreu a concentração para o ato. Posteriormente, a PM cedeu e deixou que o MPL bloqueasse a Marginal do Pinheiros pela primeira vez no ano. Na sequência, ficou definido que só a pista local no sentido Castelo seria ocupada.
Envelopamento
Embora tenha deixado os manifestantes “livres” logo que a passeata saiu, ao chegar à Marginal do Pinheiros a polícia voltou a usar a tática dos quatro atos anteriores, de envelopamento. Ou seja, os manifestantes caminharam cercados por duas linhas da PM. A tática também evita ação Black Bloc. “A Marginal é nossa”, gritou o MPL quando alcançou a via, às 20 horas. “Não vamos sair das ruas enquanto a tarifa não ficar abaixo de
R$ 3″, disse Ana Francisca Moreno.
Os manifestantes decidiram encerrar o ato no Largo da Batata. No caminho, na frente da Pizzaria Bráz, na Rua Vupabussu, um idoso tentou bloquear o protesto sozinho. E discutiu com os manifestantes. “Da Petrobras, um problema seriíssimo, vocês não falam!”, bradou. Os manifestantes riram e responderam: “Vai tomar busão”. Duas horas e meia depois do início da caminhada, o ato chegou ao Largo, onde integrantes do MPL conclamaram para o 6° protesto, no vão livre do Masp, às 17 horas desta quinta-feira, 29.