Depois de 16 anos administrando Porto Alegre, o PT não conseguiu manter o controle da capital do Rio Grande do Sul. O ex-senador José Fogaça (PPS) foi eleito ontem prefeito com uma vantagem de mais de seis pontos percentuais sobre o candidato petista, o ex-prefeito Raul Pont. Fogaça teve 431 mil votos (53,32%), contra 378 mil de Pont (46,68%). A vitória de Fogaça representa o triunfo do grupo político do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), que apoiou intensamente a campanha do candidato do PPS no segundo turno. É também o fim de um ciclo de poder do PT de 16 anos.

O grupo do governador acabou tendo sucesso completo no segundo turno gaúcho. Além da vitória em Porto Alegre, os aliados de Rigotto venceram o PT também em Pelotas, onde o petista Fernando Marroni tentava a reeleição. A vitória em Pelotas foi de Bernardo de Souza (PPS), com 52,38%, contra 47,62% de Fernando Marroni. Em Caxias do Sul, o PMDB também derrotou o PT, vencendo com José Ivo Sartori.

Antes da abertura das urnas, o dia de votação acabou sendo tenso em Porto Alegre. As campanhas de Fogaça e Pont fizeram, ao longo do dia, denúncias recíprocas de irregularidades na votação na capital gaúcha. As principais foram boca-de-urna, transporte ilegal de eleitores e voto fantasma – casos em que um eleitor vota com o documento de outro.

O advogado da coligação PPS-PTB, Décio Itiberê Gomes de Oliveira estimou que foram cerca de 50 ocorrências identificadas pela campanha de Fogaça. Já o advogado da Frente Popular, Jorge Garcia, disse que foram feitos dezenas de protestos durante o dia.

A Frente Popular divulgou que foram denunciados e conduzidos pela Brigada Militar ao plantão da Justiça Eleitoral, no Fórum Central de Porto Alegre, cinco ônibus com dezenas de pessoas e três caminhões com material de propaganda de Fogaça. Conforme o plantão eleitoral, foram realizadas 13 audiências envolvendo 28 pessoas até o fim da tarde, relacionadas a diversas denúncias. Todos os envolvidos assinam um termo circunstanciado, que depois da eleição é distribuído para análise dos juízes e promotores das zonas eleitorais. O mais grave, segundo o advogado da Frente Popular, foi o fato de um fiscal ter visto um eleitor sair sem assinar a ata no Colégio Anchieta, na zona leste da capital. O fiscal pediu para ver a ata e constatou quatro votos sem assinatura. Garcia afirmou que a presidente da mesa “estranhamente” tinha o telefone de duas pessoas e ligou para a casa delas. Uma mãe informou que o filho estava na praia. Itiberê afirmou que a presidente de uma seção eleitoral tentou convencer eleitores a votar em Pont.

Conforme ele, a coligação também encontrou um fiscal da Frente Popular com camiseta do candidato na zona eleitoral, o que é proibido. Para coibir a possibilidade de fraude na votação, Itiberê defendeu uma mudança na legislação. Ele sugeriu que o eleitor seja obrigado a apresentar documento com foto ou que o título seja modificado para identificar o portador.

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