Curiosos por saber como são vistos por amigos, desafetos, colegas, pretendentes, familiares, chefes e empregados, os brasileiros aderiram nos últimos dias à “febre” da vez: o aplicativo de mensagens anônimas Sarahah. Na descrição, a plataforma sugere que os usuários escrevam “mensagens construtivas”, mas alguns já preveem o envio de comentários maldosos.

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“Baixei justamente para saber o que os ‘anônimos’ pensam sobre mim”, diz a geóloga Bruna Dantas, de 24 anos. “Porque ninguém fala o que pensa assim, na internet, se não for anonimamente.” Ela, que aderiu ao app porque os amigos estavam utilizando, conta que até agora recebeu comentários de amigos e de pretendentes. Entre os que baixaram o aplicativo, como Bruna, a principal queixa é a impossibilidade de resposta. Por enquanto é possível ler os comentários, mas e não respondê-los – o app já estuda oferecer essa opção.

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Criado por um saudita, o termo Sarahah é árabe e remete a “franqueza” e “honestidade”. O aplicativo permite que somente o alvo leia os comentários. É possível “favoritar”, bloquear ou denunciar os comentários recebidos. Também é permitido o compartilhamento da mensagem nas redes sociais. “As pessoas gostam de saber, de ter uma ideia, sobre o que os outros acham dela. É uma curiosidade para saber a imagem que passa, como é vista e sentida pelos outros”, explica Luciana Ruffo, psicóloga do Núcleo de Pesquisa da Psicologia da Informática, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

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‘Covarde’

Mas a aceitação do Sarahah não tem sido unânime. Nas redes sociais, usuários dizem que o aplicativo é “covarde”. No Google Play, por exemplo, o app tem nota 2,9. O diretor e roteirista Jean Franco Borges, de 41 anos, não instalou e diz que o aplicativo “serve apenas para alguém destilar sua raiva contra outra pessoa”. Para Luciana, há, sim, o risco da invasão de comentários maldosos: “A maldade implícita é do ser humano, e por isso há a possibilidade de cyberbullying”.

De tempos em tempos, aplicativos com opção de textos sob anonimato caem no gosto popular. É o caso, por exemplo, do Secret, lançado em 2014, em que os segredos publicados anonimamente ficavam expostos para qualquer usuário ler.

Para Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio), o risco de exposição da intimidade alheia do Sarahah é menor. Segundo ele, o uso da ferramenta implica registro do IP usado para acesso do aplicativo. Por isso, de acordo com Souza, “com a guarda do IP de quem postou as mensagens, a empresa cumpre a obrigação constitucional de levar à identificação de quem disse o quê”. “Essas informações estão sendo coletadas e armazenadas e poderão ser informadas às autoridades competentes.”

O jornal “O Estado de s. Paulo” entrou em contato com o Sarahah, mas não obteve resposta sobre downloads e detalhes do serviço no País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.