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Aplicativo adaptado a quem tem deficiência

A partir da própria experiência ou de amigos e parentes, pessoas das mais diferentes profissões desenvolvem aplicativos para ajudar quem tem deficiência ou alguma síndrome a se comunicar, ter o aprendizado acompanhado e até a conseguir uma experiência mais agradável ao fazer passeios. No Brasil, há projetos consolidados e eventos da área atraem quem quer elaborar futuras ferramentas.

Acompanhar as dificuldades enfrentadas por um amigo deficiente durante um evento fez com que o engenheiro elétrico Erick Muniz, de 32 anos, pensasse em um aplicativo para a avaliação de acessibilidade em estabelecimentos comerciais. “A ideia é que as pessoas visualizem quais locais estão disponíveis para atender pessoas com deficiência física, visual ou auditiva. As avaliações serão feitas pelos usuários, o que vai criar confiabilidade de um modo geral.”

Ele desenvolveu o protótipo no mês passado durante a Startup Weekend São Paulo Acessibilidade, realizada na Rede de Reabilitação Lucy Montoro, e já planeja lançar uma versão demo em até dois meses.

Enquanto o aplicativo não é lançado, os cadeirantes têm como baixar o Guiaderodas, plataforma lançada em 2016, que já tem avaliação de locais em 1.200 cidades de 100 países. “O app surgiu da minha experiência de cadeirante. Eu sofri um acidente de carro em 2001, quando tinha 17 anos, e percebi que existe uma falta de acessibilidade generalizada. A informação pode fazer diferença para que as pessoas possam ter uma vida melhor”, conta Bruno Mahfuz, de 35 anos, o fundador da ferramenta.

O aplicativo é colaborativo e coleciona prêmios. O último foi recebido no ano passado, quando Mahfuz foi eleito um dos inovadores mais influentes abaixo dos 35 anos pela MIT Technology Review, publicação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA).

No mesmo evento de tecnologia que Muniz participou, o gerente de desenvolvimento de software Rafael Soares Anselmo, de 36 anos, pensou, junto a um grupo que incluía profissionais de saúde, em uma ferramenta para avaliação do aprendizado de crianças típicas ou não. “O Caracol é um instrumento para dar apoio ao professor em sala de aula. Ela vai permitir a interação de outros profissionais e fazer uma conexão focada no indivíduo”, explica.

A percepção de que as individualidades dos alunos e seus progressos deveriam ser observados surgiu depois que seu filho Bernardo, de 4 anos, que tem síndrome de Down, começou a ir para a escola. “Sempre tive o desejo de usar a minha profissão e experiência para isso. Depois do meu filho, passei a olhar as coisas de outra forma e com outros propósitos.”

Presidente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina Física e da Reabilitação do Hospital das Clínicas/Rede Lucy Montoro, Linamara Rizzo Battistella diz que a criação desses aplicativos não ajuda apenas os deficientes. “A tecnologia cria uma facilidade de utilização independentemente de um intermediário que faça o serviço. A ideia de poder comandar a própria vida anima a humanidade de um modo geral.”

Ela diz que é uma proposta que vem crescendo nos últimos dez anos. “Isso vem do fato de as pessoas com deficiência estarem presentes nas escolas, nos trabalho e nas artes.”

Libras

Fundado em 2012, o Hand Talk já teve mais de 2 milhões de downloads e é um tradutor de bolso para Libras. Coordenador de Marketing da empresa, João Vitor Bogas diz que a área vive constante crescimento. “A gente vê pela movimentação do mercado. Temos grandes contas de clientes corporativos e isso tem crescido. Outras organizações estão oferecendo produtos para outras deficiência. É nítido o crescimento das novas tecnologias.”

Nessa linha, o executivo de vendas Alexandre Abramovay, de 31 anos, também está com um protótipo de app. O que ele desenvolveu com um grupo se chama Fala Comigo e tem como foco pessoas com dificuldade de comunicação. “Meu sogro é afásico e tem dificuldade de se expressar e se comunicar, mas utiliza muito o WhatsApp.”

A proposta é utilizar imagens como ferramentas de comunicação. “É como se fosse uma nova linguagem. Os usuários vão poder gravar as palavras separadamente, adicionar lugares em que vai frequentemente e colocar a foto de uma pessoa da família. Será possível formular frases com imagens.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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