Apesar de atingir 30% dos brasileiros adultos, ser responsável por 40% dos enfartes e 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC), a hipertensão tem baixa adesão dos pacientes ao tratamento. Apenas 10% dos hipertensos fazem o controle adequado da pressão, indica pesquisa do nefrologista Décio Mion, chefe da Unidade de Hipertensão do Hospital das Clínicas (HC). O preço dos medicamentos e a atenção dos médicos são alguns dos fatores que explicam a situação. Mion revela que 89% dos pacientes consideram caros os remédios indicados. “Esse é um dado importante, mas o determinante mesmo é a relação com o médico”, diz.
Dos mais de mil pacientes entrevistados, 76% afirmaram estar insatisfeitos com o atendimento e procuram outro especialista. “Para iniciar o tratamento, o paciente precisa estar convencido de que tem uma doença.” Isso nem sempre acontece, pois a hipertensão evolui de forma silenciosa. Na maioria das vezes, os sintomas começam quando já há o comprometimento de órgãos como o rim e o coração.
A baixa adesão ao tratamento, afirma Mion, é uma das principais queixas dos médicos e normalmente associada ao nível socioeconômico dos pacientes. Porém, a pesquisa, patrocinada pelo laboratório Novartis, revela que 79% dos entrevistados dizem que gostariam de ter mais relação com o médico, 84% gostariam de ter mais informações sobre a doença e 91% gostariam que o médico entrasse em contato após a consulta. Uma forma de melhorar a adesão é a participação de um segundo profissional, como uma enfermeira para ligar aos pacientes após as consultas e verificar se ele está controlando a doença.
A adesão, no entanto, nem sempre parece ter relação direta com o nível socioeconômico ou o conhecimento. Outro estudo feito por Mion – com funcionários do próprio HC – mostrou que apenas 35% dos médicos hipertensos fazem o controle correto da doença. As informações são do Jornal da Tarde.