Aparecido e Fernandes se contradizem em depoimentos

O ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires afirmou nesta terça-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista dos Cartões Corporativos, que o consultor legislativo do Senado André Fernandes, assessor parlamentar do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), estava "apavorado" durante um almoço no Clube Naval, em 20 de março. Mais cedo, em depoimento, Fernandes dissera o oposto, afirmando que Aparecido é quem chamou a atenção na reunião pelo "nervosismo".

O ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil afirmou que recomendou ao consultor legislativo do Senado, no encontro, que Dias apontasse os culpados pelo vazamento da planilha com gastos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Aparecido relatou que Fernandes insistiu para que ele falasse com um jornalista da revista Veja sobre a planilha de dispêndios. De acordo com o relato do ex-secretário de Controle Interno à CPI, o almoço no clube foi marcado no dia em que a revista publicou uma reportagem sobre a elaboração do suposto dossiê. Aparecido disse que se recusou a falar com repórteres. "Eu disse que não falo com a imprensa", relatou.

Segundo ele, foi o amigo comum Nélio Lacerda, funcionário do governo do Distrito Federal, quem o convidou para almoçar com o consultor legislativo. Uma outra contradição nos depoimentos dos dois à CPI foi a informação dada por Fernandes de que nunca teria pedido para si um cargo na administração federal. Aparecido declarou que, no início da primeira gestão do PT, ele enviou-lhe um currículo pedindo a função de secretário-executivo-adjunto do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. No testemunho, Fernandes disse que tinha apenas indicado Lacerda para trabalhar na Casa Civil e confirmou embora tenha ressalvado não ter sido indicação dele, que uma prima de terceiro grau trabalha no ministério. O ex-secretário de Controle declarou que Fernandes pediu pela prima.

Aparecido disse não ver a planilha do mandato de Fernando Henrique como um dossiê e sim como um banco de dados. O ex-secretário declarou que foi o secretário de Administração da Casa Civil, Noberto Temóteo, quem o informou da elaboração do banco de dados, justificando a iniciativa como uma necessidade de atender demanda de uma eventual CPI sobre compras e suprimentos. Aparecido afirmou que o grupo que elaborou o banco de dados foi criado de maneira informal, sem publicação oficial, para tornar ágeis os trabalhos. De acordo com o ex-secretário, muitos grupos de trabalho são criados, informalmente, no Poder Executivo.

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