Apagão repetiu em São Paulo pane de 1999

Passados dez anos da queda de tensão em São Paulo, no episódio que ficou conhecido como “raio de Bauru”, técnicos do setor elétrico avaliam que o apagão que atingiu 18 Estados na terça-feira repete circunstâncias que determinaram o blecaute de 1999. Também agora houve uma baixa de tensão – de 345 kV para 200 kV – que antecedeu a queda das três linhas de transmissão de Itaipu para São Paulo, todas de 750 mil volts.

O problema é que, há uma década, os técnicos sabem que o sistema de inversão, que ajusta a frequência de parte da energia gerada em Itaipu ao padrão brasileiro, não funciona bem em baixa tensão. E não funcionou outra vez. Uma vez mais houve pane no esquema de proteção que estabelece o controle automático de alívio de carga e mantém o sistema em equilíbrio.

Como em 1999, o Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac) não conseguiu impedir que o problema se alastrasse. Ontem, o presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, disse que não entendeu por que parte da inteligência do sistema elétrico não funcionou para “ilhar o defeito” ocorrido em São Paulo.

O que se sabe até agora é que a falha ocorreu no primeiro trecho no sentido Itaipu-São Paulo e a queda em série das três linhas se deu em tempo muito curto, 150 milissegundos. Isso sugere aos técnicos que as linhas de transmissão podem mesmo ter sido derrubadas por um só “incidente atmosférico”, como uma chuva.

Técnicos do setor elétrico explicam que a queda de uma linha derruba o equilíbrio entre a quantidade de geração que chega ao sistema e a quantidade de carga presente no sistema. Observam, no entanto, que a queda de uma única linha não justifica o apagão registrado na terça-feira. Como a base de tudo é o equilíbrio entre geração (a energia que entra) e carga (o que é consumido), o Erac existe exatamente para eliminar as distorções e manter intacto o funcionamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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