Em Pernambuco, o apagão elétrico que atingiu oito Estados do Nordeste entre o final da noite de ontem e a madrugada de hoje causou transtornos no trânsito, nos sistemas de informação e funcionamento de hospitais e bancos (privados e públicos), na operação do metrô, na rede de abastecimento de água e em dezenas de outros serviços.

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Em todos os 185 municípios pernambucanos houve falta de energia, de acordo com informações da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) – em períodos que variaram de 3 a 5 horas. Na capital, Recife, a escuridão pegou muita gente no caminho de casa e provocou ondas de pânico depois que boatos sobre assaltos chegaram a bairros boêmios.

Muitos dos problemas continuaram mesmo depois do restabelecimento da energia e seguiram por praticamente todo o dia. No interior do Estado, pelo menos 10 cidades sofreram com o desabastecimento de água provocado por danos em adutoras.

Na Região Metropolitana do Recife, houve queima de algumas peças no Sistema Pirapama, atingindo 14 bairros de Recife e Jaboatão dos Guararapes. As redes de telefonia e internet também apresentam instabilidades em parte dos bairros da capital. De acordo com a Companhia de Trânsito de Transporte Urbano do Recife (CTTU), 30% da sinalização semafórica foi danificada pelo apagão.

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Sem poder usar ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado e com uma temperatura média de 30º, milhares de pernambucanos procuraram a brisa da noite, nas varandas de casas e apartamentos para tentar dormir.

Saúde

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No Hospital da Restauração, a maior unidade pública de emergência do Nordeste, localizada na região central do Recife, médicos e enfermeiros fizeram mutirões para garantir o atendimento e a estabilidade de pacientes. O gerador que atende ao hospital só conseguiu manter energia na área da emergência e em alguns setores da pediatria e neurologia e salas de cirurgia.

Alguns pacientes que respiravam com a ajuda de aparelhos tiveram que ser socorridos às pressas com o uso de balões mecânicos, operados manualmente por enfermeiras e auxiliares.

A dona de casa Claudete Gomes, 56, acompanhou o drama dos profissionais e pacientes. “Meu filho tinha acabado de ser operado e estava sendo colocado na enfermaria quando tudo ficou escuro. Eu vi as enfermeiras correndo para salvar a vida de adultos e crianças porque os respiradores pararam. Foi um tumulto muito grande. Eles fizeram um verdadeiro milagre”, contou.

De acordo com informações da assessoria de imprensa da unidade de saúde, apesar do susto, nenhum óbito aconteceu em função do apagão. A energia só foi restabelecida no hospital por volta das 4 horas de hoje. No Instituto de Medicina Legal (IML) os veículos responsáveis pela remoção dos corpos passaram a madrugada no pátio da instituição porque não havia comunicação com o Centro de Operações da Defesa Social (Ciods). O mesmo problema atingiu parte da frota do Corpo de Bombeiros. O faxineiro Elias Ferreira, 43, decidiu ir pessoalmente ao IML para informar sobre a existência de um corpo nas proximidades de sua residência, localizada no bairro de santo Amaro, há menos de um quilômetro do IML.