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Brasília – Quatro dias depois de a ministra das Minas e Energias, Dilma Roussef, garantir que não havia risco de novos apagões, áreas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo voltaram a ficar sem energia na tarde de ontem. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), foram desligadas seis linhas de transmissão de energia. O apagão começou às 15h18 e o fornecimento de energia foi completamente restabelecido às 16h34. Três das linhas desligadas são de Furnas Centrais Elétricas, empresa responsável pelas linhas que provocaram o apagão no primeiro dia do ano.
A Aneel deu prazo até as 18 horas de segunda-feira para que Furnas explique as causas do novo blecaute. Ofício pedindo explicações sobre o que ocorreu foi enviado a Furnas ainda ontem à tarde.
De acordo com Furnas, duas linhas foram desligadas por conta de raios. Outras quatro foram desligadas em conseqüência da queda das duas primeiras. "Cair raio nas linhas de transmissão é a coisa mais normal do mundo. Agora, o que não é normal é que o estado inteiro fique sem luz por causa disso. O ONS (Operador Nacional do Sistema) tem de rever os procedimentos", afirmou o secretário de Estado de Energia do Rio Wagner Victer. O norte e noroeste fluminense e as regiões serrana e dos lagos ficaram sem luz.
As linhas de Furnas desligadas ontem são as que fazem a ligação entre Adrianópolis e Macaé, Macaé e Campos e Campos e Vitória. O fornecimento de energia também foi interrompido em outras três linhas das distribuidoras Escelsa, do Espírito Santo e Ampla (ex-Cerj), do Rio. Essas linhas fazem a integração Minas e Espírito Santo (de Governador Valadares a Mascarenhas), de Campos a Rocha Leão e de Campos a Cachoeiro do Itapemirim.
"O estado ficou às escuras por 40 minutos. Ainda não temos avaliação dos prejuízos, mas nosso sistema produtivo parou", disse o secretário de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo, Júlio Bueno. Ele quer acabar com o que classificou de fragilidade de seu estado. "Estamos na ponta da linha. A linha de transmissão Ouro Preto-Vitória está atrasada dois anos. Ela permitiria flexibilizar o sistema, porque receberíamos energia por outro lado. Também temos gás e queremos uma termelétrica."
Em Vitória, bombeiros tiveram de libertar dezenas de pessoas presas em elevadores. Na Companhia Siderúrgica de Tubarão, o corte no fornecimento de energia resultou em uma sucata de 25 toneladas de aço, correspondente a uma bobina de aço produzida pelo equipamento laminador de tiras a quente.
No Rio de Janeiro, semáforos desligados deixaram o trânsito caótico na região dos Lagos, lotada de turistas. A energia foi restabelecida em cerca de meia hora. "Ficamos sem energia por uns 15 ou 20 minutos. O horário não era de pico e não tivemos problema", disse Frederico Guimarães, de 50 anos, diretor de um laboratório de análises clínicas de Itaperuna, no noroeste fluminense.
A ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse, já no início da noite de ontem, que a falta de energia ocorrida nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo não foi um apagão, e sim um desligamento na rede provocado por um raio. Dilma diferenciou os termos, dizendo que apagão e racionamento estão associados a problemas estruturais provocados por desequilíbrio entre oferta e demanda de energia ou por insuficiência de linha de transmissão. Apagão e racionamento são empecilhos, segundo a ministra, ao desenvolvimento econômico.