A permissão para o plantio da maconha no País para fins de pesquisa e uso medicinal e a mudança nas regras para o registro de medicamentos preparados com o componente da planta deverão ser discutidas nesta terça-feira, 15, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão incluiu na pauta da diretoria colegiada o texto de duas resoluções sobre o tema.

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Pelo calendário original, as resoluções deveriam ter sido avaliadas na semana passada, mas, em razão do pedido de esclarecimentos feito por diretores, a análise do texto foi adiada.

A expectativa é de que o relator, o presidente da Anvisa, William Dib, coloque em votação um texto com alterações. A tendência é a de que ele incorpore sugestões que foram apresentadas durante a consulta pública tanto na resolução que trata sobre o plantio da maconha para fins de pesquisa quanto a que trata sobre o registro de medicamentos que levem em sua composição componentes da planta.

O destino das duas resoluções ainda é incerto. Diretores podem aprovar o texto apresentado, reprová-lo, mas há também a possibilidade de o texto ser retirado de pauta – sem prazo para que seja retomado – ou, ainda, que um diretor peça vista para analisar melhor o texto apresentado.

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A discussão sobre o plantio da maconha para pesquisa ou uso medicinal é feita pela Anvisa há cinco anos. Desde o ano passado, as propostas de alterações já estavam praticamente alinhavadas, mas aguardando um sinal para que fossem colocadas em discussão.

Neste ano, o processo ganhou ritmo mas, em meados do ano, o governo federal – que até então não havia se manifestado de forma clara – passou a trabalhar ostensivamente contra as propostas.

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As primeiras críticas partiram do ministro da Cidadania, Osmar Terra, conhecido pela sua atuação na política de tratamento de drogas baseada em atividades com comunidades terapêuticas. Para ele, a proposta seria o primeiro passo para a liberação do uso recreativo da maconha.

Em um segundo momento, foi a vez de o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se unir às críticas. Ele passou a dizer não haver estudos científicos que comprovem a eficiência do uso da maconha e, ainda, não haver necessidade de o plantio ocorrer no País.

Empresários dispostos a investir nesse mercado, no entanto, garantem haver uma série de estudos promissores sobre o efeito de derivados da maconha para uma relação considerável de problemas de saúde, como Alzheimer, convulsões, dores e insônia, por exemplo.

Eles afirmam ainda que, mantida a proibição de plantio para pesquisa, o Brasil perderia uma oportunidade única para estudar as variedades da planta e explorar um mercado de futuros medicamentos preparados a partir dos extratos.

Embora defendida por acadêmicos e por empresários, a proposta da Anvisa não conta com o apoio de parte dos familiares de pacientes que usam componentes da maconha com fins medicinais.

Esses grupos, que obtiveram na Justiça licença para plantar e produzir óleos com extratos de componentes da planta, receiam que as regras da agência acabem impedindo a atividade. Uma vez regulamentada as regras, dizem, não haveria motivos para as liminares que garantem o direito de produção serem mantidas.

As associações julgam ainda muito rígidas as condições para o plantio propostas pela Anvisa e avaliam que somente grandes corporações teriam condições de colocá-las em prática.