Antonio Candido dá aula em apoio à greve da USP

Alunos, funcionários e docentes da USP tiveram ontem pela manhã uma “aula” em apoio à greve na universidade de dois intelectuais renomados da instituição, a filósofa Marilena Chauí e o crítico literário Antonio Candido. No auditório lotado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) – do lado de fora havia um telão, para que mais pessoas pudessem acompanhar os discursos -, ambos condenaram a presença da Polícia Militar no câmpus.

“A ação imediata é apenas um episódio, o importante são as redefinições a partir disso”, disse Antonio Candido. “Atuem, exagerem, sejam justos e injustos. Aproximem a faculdade da realidade social. Essa é uma luta constante, para transformar a sociedade.” A greve começou no dia 5 de maio e reivindica aumento de 16%, a não implementação de cursos a distância e a saída da reitora. A polícia confrontou-se com estudantes no dia 9 de junho e seis pessoas saíram feridas.

Ontem, alunos em greve da USP invadiram o único restaurante em esquema de “bandejão” que ainda funcionava na instituição e interromperam o trabalho dos funcionários. A catraca foi liberada e quem estava na fila pôde comer de graça, mas não foi permitida a entrada de outros estudantes depois da invasão. A comida que acabava também não era reposta e, em determinado momento, havia alunos comendo arroz e farofa.

O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo e o Fórum das Seis (sindicatos de professores e funcionários de USP, Unicamp e Unesp) reuniram-se ontem. Segundo Carlos Magno, do Sindicato dos Funcionários da USP, a reunião serviu para as partes explicitarem as condições para a negociação. “A reitoria disse que só tira a PM do câmpus se nós retirarmos o piquete, mas reafirmamos que o piquete é uma arma histórica dos trabalhadores”, disse. Nova reunião ocorre na segunda-feira.

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