Rio de Janeiro – Cerca de 200 pessoas participaram, na manhã desta segunda-feira (23), de uma manifestação em frente da igreja da Candelária, no Centro da cidade, contra a proposta de redução da maioridade penal.
Representantes de organizações de luta pelos direitos humanos, do movimento estudantil e políticos locais organizaram o protesto para logo depois da missa em homenagem às oito crianças mortas na chacina da Candelária, que completa 14 anos hoje.
O desembargador Siro Darlan, representante regional do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda), órgão ligado à Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), leu, ao final da missa, um manifesto contra a redução da maioridade penal e lembrou os 17 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que, segundo ele, é referência internacional na luta pelos direitos das crianças e dos jovens.
Darlan era juiz titular da 1ª Vara da Infância e Juventude do Juizado de Menores do Rio de Janeiro quando aconteceu a chacina em frente da igreja da Candelária. Para ele, a falta de oportunidades é o principal motivo para a criminalidade na juventude.
"A falta de respeito aos direitos fundamentais estimula a violência, pois, quando as pessoas se sentem injustiçadas, elas tendem a buscar a justiça pelas próprias mãos", disse. "Uma forma de combater esse caminho equivocado é garantindo à criança e ao adolescente a dignidade e o respeito aos seus direitos fundamentais."
Na manifestação, houve apresentações de capoeira, de música e de circo, todos de projetos sociais de comunidades do estado. Segundo um dos organizadores do protesto, Victor Neves, da ONG Projeto Legal, nove ônibus de comunidades de Acari, Irajá, Guadalupe, Coelho Neto e do Complexo da Maré, entre outras, trouxeram jovens e crianças para participar do protesto.