Uma animosidade entre um jovem e um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) pode ter sido a motivação para o assassinato de André de Lima Cardoso Ferreira, de 19 anos, no morro Pavão-Pavãozinho, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Esta é a suspeita da viúva do rapaz, a adolescente A.P.V.S., de 16 anos. “Um dia ele chegou muito chateado em casa e contou que havia sido levado para a delegacia sem nenhum motivo e liberado depois. Ele pode ter reencontrado este policial”, revelou a adolescente, que está grávida de oito meses.

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Ela contou ainda que a UPP foi um dos fatores que motivou André a trocar a Favela do Dique, no bairro Jardim América, no subúrbio do Rio, para ir morar no Pavão-Pavãozinho. “Ele veio morar aqui depois da minha gravidez, porque sabia que o local estava calmo depois da UPP. Agora, eu vou seguir minha vida criando a filha, que foi a única coisa que ele deixou, mas quero que seja feita Justiça”, ressaltou A.P.

Hoje, a assessoria de imprensa do Carrefour confirmou que André era empregado da empresa desde abril e trabalhava como operador de loja no Norte Shopping, em Pilares, na zona norte da cidade. “Ele era novo aqui e trabalhava no turno da tarde, mas todos nós ficamos sabendo do caso”, afirmou um funcionário, que preferiu não se identificar. De acordo com a esposa e testemunhas, André foi comprar um lanche para a mulher e quando voltava para a casa foi provocado por um policial militar da UPP, que bebia à paisana em um bar da favela, por volta das 2h30 de domingo.

Os dois discutiram, o policial sacou a arma e o rapaz tentou fugir, mas foi baleado nas costas. Na versão da PM, ele trocou tiros com os policiais depois de ser flagrado armado com um revólver calibre 32 e 63 papelotes de cocaína. Ele estaria acompanhado por dois comparsas, que conseguiram fugir.

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“Meu filho era o mais velho de nove irmãos e sempre deu o exemplo em casa. Não aceito esta história de que ele estava armado e vendia drogas. Acho que não tem nada estranho em alguém ir comprar um lanche de madrugada para a mulher grávida ou mesmo em um jovem ficar na rua neste horário. Meu filho tinha o direito de se divertir. Ele não tinha antecedentes criminais e sempre trabalhou. Quero Justiça”, disse a mãe de André, Micilene Maria de Lima.

A mãe e a viúva foram convidadas para uma reunião com o comandante da UPP do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, Leonardo Nogueira, na tarde de hoje. A assessoria de comunicação das UPPs informou que nenhum inquérito interno foi aberto na PM para apurar a circunstância da morte do rapaz. A investigação está a cargo da 13ª Delegacia de Polícia de Ipanema, que registrou o caso como auto de resistência (morte de suspeito em confronto). Hoje, quatro testemunhas prestaram depoimento. Não houve perícia de local no dia da morte e ainda não há data para a reconstituição do crime.

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