A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) deve realizar uma perícia no Centro Nacional de Paraquedismo de Boituva amanhã, informou a Polícia Civil.
O local é um conglomerado de escolas de paraquedismo de onde saiu o avião envolvido no acidente que matou um paraquedista e feriu outros dois na segunda-feira.
Ontem técnicos do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção a Acidentes Aéreos) fizeram a vistoria da aeronave e, segundo a Delegacia de Boituva, não encontraram nenhuma irregularidade.
A Folha de S.Paulo revelou hoje que a habilitação do piloto Douglas Leonardo de Oliveira, 35, para lançar paraquedistas está vencida desde outubro de 2006, segundo registros da Anac.
Ele pilotava a aeronave que atropelou o paraquedista Alex Adelman, 33. Ele morreu após ser atingido na nuca pela asa esquerda do avião durante o salto. Ele atingiu outros dois homens que faziam um salto duplo.
Para o delegado Carlos Antunes, responsável pelo inquérito que apura as causas do acidente, a habilitação vencida não altera o rumo das investigações. “Isso não inibe a habilidade na hora da pilotagem”, disse nesta manhã.
Desde ontem, a reportagem tenta contato com o piloto, mas ele não atendeu os telefonemas da reportagem.
O delegado disse que suas equipes continuam procurando a câmera de vídeo com a qual Adelman teria filmado o salto de instrução dos paraquedistas maranhenses Wanderson Carlos Campos de Andrade, 32, e Conrado Alvares Everton, 35.
As imagens são consideras pela polícia fundamentais para esclarecer o que aconteceu no ar.
Pela manhã, a reportagem falou com um rapaz que se identificou como irmão de Wanderson e disse que ele já retornou ao Maranhão. O telefone de Conrado estava desligado. O delegado Carlos Antunes deve tentar ouvi-los novamente nesta quarta-feira.
Ele deve tentar ouvir também outros pilotos e paraquedistas e o responsável pela Skydive Vera Cruz, dona do avião usado no salto.
A polícia trabalha com a hipótese de que o acidente tenha sido causado pela combinação de dois fatores.
Segundo o delegado, o piloto afirmou que os paraquedistas não informaram o tipo de salto que fariam. Além disso, os paraquedistas não acionaram um paraquedas pequeno que serve para desacelerar a queda e ainda fizeram loopings, o que aumenta a velocidade da queda, de acordo com a polícia.
A Anac abriu processo administrativo para apurar a responsabilidade do piloto e da empresa proprietária do avião. Ambos estão sujeitos à multa, suspensão ou cassação das suas licenças.