Anac estuda reativar modelo aposentado de tráfego aéreo

Brasília (AE) – O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, anunciou ontem que o governo quer reativar centros regionais de controle aéreo em quatro capitais do País: São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Belém. A intenção é fazer desses locais estruturas de apoio dos Centros de Controle de Tráfego (Cindactas) instalados em Brasília, Recife, Curitiba e Manaus e que hoje são os responsáveis pelo monitoramento dos aviões que sobrevoam o País.

É uma tentativa de dar resposta mais efetiva à crise do setor aéreo que há dois meses tumultua aeroportos com atrasos e cancelamentos de vôos. ?Não é uma descentralização do sistema Cindacta, mas a instalação de sistemas reservas, ou back-ups, que possam monitorar os aviões em situações de falhas técnicas nos Cindactas principais?, explicou Zuanazzi. Na terça-feira passada, por causa de uma pane nas comunicações por rádio entre o Cindacta-1, de Brasília, os aviões, o sistema ficou paralisado por quase seis horas, o que provocou vários atrasos nos vôos e levou ao cancelamento das decolagens noturnas nos aeroportos de Brasília, Congonhas e Confins.

Segundo Zuanazzi, ao ativar centros regionais próximos aos Cindactas, ?a idéia é minimizar os efeitos de outros colapsos técnicos? como o que ocorreu na terça, porque haveria um ?sistema reserva? que evitaria a paralisação total das operações aéreas. Alguns empresários da aviação regional que ouviram o anúncio no 6.º Congresso da Associação Brasileira de Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar) manifestaram preocupação com a proposta, argumentando que isso seria a volta de um modelo aposentado há mais de 30 anos.

Especialistas explicaram que no passado existiam vários pequenos centros de controle aéreo por causa das limitações tecnológicas. Com o avanço das equipamentos, como radares tendo maior alcance de cobertura, o sistema tem se tornado cada vez mais centralizado. Isso é considerado mais racional economicamente e estrategicamente e é uma tendência em todo o mundo. ?Não há sentido prático em voltar ao tempo das cavernas?, comentou uma fonte.

Para Zuanazzi, a preocupação não se justifica porque o objetivo da medida não é descentralizar o monitoramento dos aviões, mas ter alternativas que evitem o ?efeito dominó? de interrupção dos vôos integrados quando ocorrer problemas em um único local. Segundo ele, o Cindacta-1, de Brasília, por exemplo, monitora cerca de 80% do tráfego aéreo e a queda do equipamento de comunicações desencadeou atrasos de vôos em todo o País.

Ontem, vários atrasos ainda foram registrados nos principais aeroportos e, de acordo com Zuanazzi, era reflexo do problema de terça-feira.?Nunca houve nada assim, em termos de pane de sistema?, disse ele. Além dos problemas técnicos, o presidente da Anac destacou que as fortes chuvas que estão caindo no centro-sul do País colaboram para tumultuar as decolagens e pousos. ?Também não estamos bem com Deus porque todo dia tem um temporal em São Paulo?, afirmou Zuanazzi.

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