O uso de anabolizantes pode ter provocado a morte da adolescente Jennyffer Sthefane da Silva Ramalho, de 16 anos. Ela morreu na madrugada de anteontem, quatro dias após ter passado mal em um estúdio de tatuagem em Osasco, na Grande São Paulo. A polícia investiga se o mau súbito foi causado por uma injeção anestésica, aplicada pelo tatuador, ou pelo uso de anabolizantes, conforme suspeita da família da garota.
Na terça-feira, a adolescente procurou Fernando Paulo Corrêa, de 34 anos, conhecido como Bruca, para concluir a tatuagem de um dragão. Jennyffer se sentiu mal, foi ao banheiro do estúdio três vezes e desmaiou. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi ao local e constatou que a jovem sofrera uma parada cardiorrespiratória. Os médicos a reanimaram e a levaram ao Hospital Central de Osasco.
No hospital, a menor apresentou mais duas paradas, que foram revertidas. O superintendente da unidade, Evandro Ruck, contou que ela passou a ser mantida viva respirando com a ajuda de aparelhos e medicamentos. Anteontem, o serviço neurológico a submeteu a nova avaliação e constatou anoxia (falta de oxigenação) cerebral grave. Ou seja, morte cerebral.
Segundo Ruck, não havia a presença de lidocaína no corpo da paciente, o que, a princípio, retira a possibilidade de ela ter sido anestesiada. A família decidiu doar os órgãos da jovem. Na madrugada de ontem, uma equipe do Hospital das Clínicas, da capital, esteve no hospital e captou coração, pulmões, fígado, pâncreas, rins e córneas da garota.
Suspeitas
Inicialmente, a polícia cogitou a possibilidade de a jovem ter sido anestesiada no estúdio de tatuagem, causando arritmia cardíaca. Corrêa negou. “Pela lei, só um médico pode anestesiar. Não trabalho com anestesias”, disse ao Jornal da Tarde, chorando. Segundo ele, Jennyffer estava ansiosa e saiu para ir ao banheiro e fumar várias vezes.
“Nós nos conhecíamos havia seis meses. Ela dizia que tinha 20 anos. Não aparentava ter 16.” Amigos em comum confirmaram ao tatuador que ela estava consumindo anabolizantes havia algum tempo. Corrêa será averiguado pela Polícia Civil. A família acredita na versão do tatuador. Ele compareceu ontem ao velório, no Cemitério Morada da Grande Planície, na Praia Grande, Baixada Santista (SP), e ficou ao lado do caixão.