O avião Airbus que provocou semana passada o maior acidente aéreo do País não foi o primeiro a voar com o reverso travado. O vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amparo, admitiu que outros aviões da companhia voaram com problemas semelhantes ao do A320 longo deste ano. "Não é freqüente, mas acontece", afirmou Amparo durante uma audiência na CPI do Apagão Aéreo.
Para reforçar sua argumentação, ele disse que não hesitaria em permitir que outros aviões da companhia com problema de reverso continuassem em operação, até o prazo de 10 dias, recomendado pela empresa. Mesmo depois do acidente. E emendou: Se houvesse necessidade de ficar mais dias, também não aconteceria nada. "Não seria uma atitude recomendada, porque não devemos ter a superposição de componentes que não estão 100%", completou.
Durante o depoimento de Amparo, deputados questionaram o fato de o avião que explodiu no acidente ter feito a sua primeira viagem no País dia 10 de janeiro, o mesmo dia em que um ofício da ANAC liberando o avião foi encaminhado para companhia. Assinado pelo gerente de fiscalização e diagnóstico da agência, Jonas Ferreira Sant’Anna, o ofício comunica que o avião havia sido aprovado na vistoria, mas que seria necessário apresentar, até dia 8 de março, a Licença de Estação da Aeronave
Amparo não deu explicações detalhadas sobre como a companhia conseguiu ser tão ágil. "Era o último documento que faltava", afirmou. Deputados agora querem saber qual foi o horário do vôo de estréia da aeronave. Caso a primeira viagem tenha ocorrido nas primeiras horas da manhã, aumentarão as suspeitas de que o vôo foi feito antes de autorização formal.
No depoimento de mais de três horas, Amparo voltou a afirmar que o problema do reverso não representa uma falha de segurança. Disse ter total confiança no piloto e que, aparentemente, as manobras iniciadas para o pouso foram corretas. Mais uma vez, ele afirmou que causas do acidente somente poderão ser definidas depois da análise das caixas pretas.
Amparo afirmou que as normas de segurança da Airbus e Anac foram seguidas. Mas não descartou a possibilidade de que tais regras tenham de ser revistas, depois do resultado das investigações.
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