Amorim defende acordos com a Venezuela

Como meio de desgastar as polêmicas de ordem político-ideológica de desarmar o Senado na tramitação do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul, o Itamaraty pretende concluir “o grosso” da negociação pendente dos acordos comerciais entre os governos venezuelano e brasileiro nos próximos dias 19 e 20, em Brasília.

Trata-se de uma negociação emperrada há dois anos. O propósito de avançar nesses acordos foi expresso pelo chanceler Celso Amorim durante um debate de quatro horas, ontem, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que foi acalorado pelas duras críticas disparadas pela oposição contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

A oposição questiona benefícios comerciais do ingresso da Venezuela ao bloco, levantaram dúvidas sobre o possível veto de Chávez a acordos celebrados pelo Mercosul com outros parceiros, como Israel, e insistiram na incompatibilidade de seu governo com a Cláusula Democrática. Relator do projeto, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) alegou que a personalidade de Chávez complica esse processo de adesão e chegou a associá-la à do líder alemão Adolph Hitler.

“Se a Europa tivesse prestado mais atenção à personalidade de Hitler, talvez alguns dos desenganos não tivessem ocorrido. Não estou comparando, mas apenas indicando a importância da personalidade”, afirmou Jereissati. “Não estaríamos negociando com a Venezuela se o presidente Chávez fosse uma espécie de Hitler ou de (Joseph) Stalin”, rebateu Amorim, ao agregar na comparação o líder máximo da União Soviética entre 1922 e 1953.

À imprensa, Jereissati assinalou que não pretende sugerir que a Comissão de Relações Exteriores rejeite a adesão da Venezuela ao Mercosul no relatório que apresentará em duas semanas. Essa predisposição tende a despejar no vazio as ponderações feitas pela oposição. Em especial, a alegação do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) de que a Venezuela não é um interlocutor confiável e a advertência do senador Fernando Collor (PTB-AL) de que Chávez empreende uma “paulatina caminhada ao autoritarismo”, em contradição com o Mercosul.

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