O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, fez críticas em relação à lista de produtos ambientais que devem ter tarifas comerciais eliminadas, proposta pelos Estados Unidos e pela União Européia. O etanol não está entre os 43 produtos da relação. "É uma aberração não incluir o etanol. Não tem uma explicação racional. É praticamente consenso que o etanol, e os biocombustíveis em geral, melhoram muito a situação em relação às emissões de CO2", afirmou.
A lista não inclui produtos agrícolas, apenas industriais. "(A rodada) Doha não diferencia industrial de agrícola, só fala em produtos ambientais. Isso só pode ser alegado por razões protecionistas", disse o ministro. Atualmente o etanol é taxado em 2,5% nos Estados Unidos e ainda está sujeito a barreiras tarifárias de US$ 0,50 por barril. Conforme Amorim, isso "inviabiliza" a competitividade e a entrada do produto no país.
Segundo o ministro, a lista já passou por uma reformulação para retirar alguns itens, como barcos a vela e cadeados – classificados por Amorim como "absurdos". A relação inclui painéis solares e equipamentos para geração de energia eólica, mas deixa de fora insumos para construção de usinas de etanol. "Colocaram na lista produtos que atendam a interesses deles.
A proposta irá para negociação no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). O chanceler brasileiro considera que será "uma batalha" tentar incluir o etanol na lista. Mas, questionado sobre um possível veto ao documento, o ministro disse que prefere usar a cautela. "Sabe aquele ditado que diz que cão que ladra não morde? Deixa eu morder na hora certa, se for o caso.
Amorim participou ontem do primeiro dia de reunião do Diálogo Informal dos Ministros de Comércio sobre Questões de Mudanças Climáticas, evento simultâneo à 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), em Bali, na Indonésia. As informações são da Agência Brasil.