Amazonas: rios voltam a ter navegabilidade

Manaus (ABr) – As calhas dos principais rios do Amazonas já estão com boas condições de navegabilidade, após a seca forte e prolongada que atingiu o estado. "Apenas nos igarapés, nos braços de rios que vão até os lagos, a navegação continua precária", comenta o capitão dos Portos da Amazônia Ocidental, Edilander Santos. "Em alguns lugares ela ainda não é sequer possível. Portanto, mantém-se a recomendação de extrema cautela para essas áreas, devendo numa marcha lenta e evitar a navegação noturna". Segundo Santos, no período da seca, a Capitania dos Portos não registrou qualquer acidente grave ocasionado pela vazante (menor volume de água), mas as ocorrências de barcos encalhados cresceram 20% em relação ao ano anterior.

O Rio Negro começou a subir em 27 de outubro e na terça-feira já atingia 16,17 metros no Porto de Manaus. Uma altura ainda inferior à média histórica do nível mínimo registrado desde 1902, que é de 17,02 metros. "Neste ano, a mínima foi de 14,75 metros. O rio tem subido cerca de 15 centímetros por dia e deverá continuar nesse processo de cheia até junho ou junho", explica Daniel Oliveira, gerente de hidrologia do Serviço Geológico do Brasil.

Oliveira diz ainda que no Rio Negro não aconteceu o fenômeno descrito pelos ribeirinhos como repiquete, quando os rios sobem, tornam a descer e só então continuam a subir até atingir a cheia. Já no Rio Solimões, em Tabatinga, ele afirma que houve o "alarme falso": o rio começou a subir em meados de outubro, mas desceu entre sexta-feira e o último domingo. "Na segunda-feira, já subiu de novo, mas lentamente. O Solimões está hoje com uma altura de 6,6 metros. No ano passado, nesta mesma data, estava em 7,76 metros. Vai ser preciso que ele suba pelo menos mais um metro para que o porto seja reaberto", afirma Jaime da Silva, conferente de cargas da Sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias do Amazonas (SNPH).

O Porto de Tabatinga está fechado desde 16 de setembro por causa da seca – o embarque e desembarque de passageiros e cargas está sendo realizado em um barranco, que funciona como ancoradouro improvisado. Em outubro, o índice de chuvas registrado pelo Serviço Geológico do Brasil no estado foi de 124,9 milímetros, semelhante à média de 125,7 milímetros, calculada com os dados referentes a outubro de 1961 a 1990. Em agosto, o índice pluviométrico do Am azonas foi 29 milímetros, metade da média histórica do período. Em setembro, ficou em 79,3 milímetros, já mais próximo à média de 83,3 milímetros.

Plano de socorro às  vítimas da seca continua

Manaus (ABr) – Cinco mil cestas básicas foram enviadas ontem às famílias atingidas pela seca no Amazonas. Esta é a segunda etapa do plano estadual de emergência que pretende atender 150 mil famílias. Na primeira fase, entre 14 e 31 de outubro, 80 mil famílias receberam cerca de 1,6 mil toneladas de alimentos. "Algumas famílias que não tinham sido atingidas pelo fenômeno da seca, porque não ficaram isoladas, terão dificuldades de alimentos. Com a cheia, os capins que nasceram durante a estiagem vão apodrecer e, assim, evitar que os peixes entrem nos igarapés e lagos durante pelo menos 25 dias", explicou o secretário de governo e coordenador do plano emergencial, José Melo.

Na primeira etapa, todas as cestas básicas distribuídas aos ribeirinhos foram adquiridas pelo governo estadual. Nesta fase, as 150 mil cestas básicas – cerca de 2,2 mil toneladas de alimentos – foram compradas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) com recurso do Ministério da Integração Nacional. Com a volta das chuvas, o isolamento dos ribeirinhos diminui, mas o risco de doenças trazidas pelas chamadas "águas podres" aumenta. Apesar disso, não haverá nova compra de medicamentos por que o governo estima ter estoque suficiente.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo