Autoridades de segurança do Rio Grande do Norte estimam que 28 das 32 unidades prisionais do Estado sejam dominadas pelo Sindicato do Crime (SDC), facção aliada ao Comando Vermelho e alvo de um ataque no sábado que deixou 26 mortos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal. Os assassinatos poderiam desencadear uma reação nas outras cadeias onde a minoria é de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) ou de detentos considerados neutros.

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Ser minoria não impediu que membros do PCC articulassem o ataque de sábado e voltassem a participar de motins na segunda-feira, 16, em Alcaçuz. Presos ligados ao Sindicato do Crime também subiram no teto dos pavilhões com bandeiras onde se lia “Queremos paz, mas não iremos fugir da guerra”. Na estrutura, picharam nomes de aliados como a Okaida, da Paraíba, o Primeiro Grupo Catarinense, de Santa Catarina, e o Comando Vermelho, do Rio.

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Agentes penitenciários ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram que a situação na unidade continuava tensa na segunda-feira, 16, com a possibilidade de reação do Sindicato e a resistência de integrantes do PCC em serem transferidos.

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Segundo a presidência do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado, somente o presídio Rogério Coutinho Madruga – no mesmo terreno de Alcaçuz e de onde partiram os detentos envolvidos com as mortes -, a cadeia de Paus dos Ferros, a de Caraúbas e um pavilhão na unidade Mário Negócio, em Mossoró – esses três no interior -, têm maioria do PCC.

“Não imaginávamos que eles teriam a ousadia de atacar no presídio em que não têm maioria. Agora, o risco fica ainda mais intenso”, disse Vilma Batista, presidente do sindicato dos agentes.

O cenário de descontrole é ratificado pelo juiz de Execuções Penais de Natal, Henrique Baltazar Vilar dos Santos. “O Estado até então só tinha controle dos muros de Alcaçuz. Dentro, quem mandava já eram os presos. Agora a situação piorou e se repete nas demais unidades.”

Para o procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Rinaldo Reis, a possibilidade é grande de novos confrontos. “Não tenho nenhuma dúvida de que essa guerra não acaba aqui. Não estou profetizando, mas apenas observando que todos os ingredientes estão postos para isso”, disse. “As mortes são extremamente graves, mas não posso dizer que foi uma surpresa. O sistema penitenciário, não só daqui como de outros Estados, está em ruínas.”

Separação. A divisão de facções por presídios diferentes começou no Estado em 2015, depois de uma série de rebeliões. Em junho daquele ano, a já frágil relação entre SDC e PCC foi rompida com a morte do detento Alexandre Teodósio, o Pelelê, membro da facção de origem paulista que, segundo o Ministério Público Estadual, desencadeou uma sequência de atos de violência, com assassinatos de lado a lado, dentro e fora das cadeias.

Segundo promotores que investigaram as organizações, o SDC foi fundado em 27 de março de 2013 por uma dissidência do PCC. A compreensão do grupo era de que o estatuto vigente até então era aplicado com excessivo rigor – como o tratamento com inadimplentes com a contribuição mensal -, além da insatisfação com a obrigação de prestar contas a detentos de outros Estados. O grupo paulista acabou compartilhando a expertise de métodos de atuação criminosa, “capacitando os presos potiguares quanto ao funcionamento desse tipo de organização”. O governo do Estado não comentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.