Alunos ocupam escola no Rio em apoio a greve de docentes

Alunos da rede estadual ocupam desde a tarde da última segunda-feira o Colégio Estadual Prefeito de Moraes, na Ilha do Governador, zona norte, no Rio. O grupo critica os cortes na educação e se solidariza com os professores, em greve desde 2 de março. A Secretaria de Estado de Educação marcou reunião para esta quarta, 23, na Assembleia Legislativa para discutir com os estudantes a ocupação do Mendes de Moraes, primeiro movimento do gênero no Rio. Se não houver acordo, a secretaria deverá pedir à Justiça a reintegração de posse do imóvel.

O estudante João Victor da Silva Barbosa, de 18 anos, do 3º ano do ensino médio, diz que as relações entre alunos e a direção estão tensas desde o início do ano letivo, quando uma estudante desmaiou em sala por causa do calor.

“Os aparelhos de ar-condicionado são alugados e, com a crise e o atraso no pagamento, a empresa retirou-os. Instalaram um ventilador em cada sala, mas não dá vazão. Uma aluna passou mal, fizemos passeatas e o diretor chamou a Polícia Militar (PM). Vieram dois camburões, com homens com roupas do Batalhão de Choque, para nos intimidar”, disse ele.

Os alunos também reclamam de laboratórios montados, mas nunca utilizados, e falta de canetas pilot para os professores escreverem nos quadros. “Nós também apoiamos a greve dos professores. O governador agora quer parcelar o salário. Quem consegue pagar as contas parceladas?”, disse Silva Barbosa.

Na segunda-feira, numa assembleia, o grupo decidiu permanecer na escola. Professores e diretores saíram. Duas subsecretárias de Educação foram enviadas ao colégio, mas os alunos não aceitaram conversar com elas. Eles se dividiram em comissões – de segurança, de estrutura, de alimentação. Por orientação da Defensoria Pública, fotografaram a escola e fizeram inventário do que encontraram.

Os ocupantes receberam doações de pão e presunto de um ex-aluno. Uma vizinha mandou para a escola uma panela de feijão e se ofereceu para cozinhar macarrão com salsicha. Estudantes de escolas federais, como o Pedro II, e de universidades apareceram na ocupação para se “solidarizar”.

Pela manhã, um grupo de cerca de 200 alunos fizeram protesto na porta da escola porque queriam assistir às aulas. Professores também foram impedidos de entrar. Um estudante, que desde janeiro espera a segunda via do histórico escolar, reclamou da falta de profissionais na secretaria para cuidar das questões administrativas.

Em nota, a Secretaria de Educação lamentou a ocupação, que afeta 2.300 alunos. “Ao contrário do que ocorreu em São Paulo, quando estudantes foram contrários ao fechamento de unidades escolares, no Estado do Rio de Janeiro isso não acontece. A pauta apresentada pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe) não é exclusiva da educação. Por isso, não há motivos para invadir escolas”, informa o texto.

A secretaria informou ainda que acionou o Conselho Tutelar e um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de Polícia Civil na Ilha do Governador. De acordo com a pasta, apenas 3% dos 82 mil servidores aderiram à greve.

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