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Alunos fazem ‘Ted Talks’ em colégios de São Paulo

Guerra na Síria, prejuízos do uso excessivo das tecnologias, o tráfico de drogas na Colômbia, preservação das florestas e de animais em extinção. São temas, difíceis de compreensão até mesmo para os adultos, que alunos a partir dos 10 anos estão discutindo em colégios particulares de São Paulo.

Para que os estudantes desenvolvam a capacidade de argumentação, a curiosidade pela pesquisa e as habilidades de comunicação, os colégios estão promovendo palestras que são ministradas pelos alunos, clubes de debate e simulação de reuniões de órgãos, como a Organização das Nações Unidas (ONU).

No colégio Porto Seguro, na zona sul de São Paulo, 36 alunos de 9 e 10 anos participaram de uma edição independente do TED Talks, organização sem fins lucrativos que promove palestras. De acordo com Silmara Casadei, diretora da escola, a intenção era proporcionar um espaço em que as crianças pudessem pesquisar e falar sobre os temas que os preocupam.

“Fizemos o convite às crianças e imaginamos que só 5 ou 6 iriam participar. Eles gostaram e alguns deles me responderam que os adultos não têm tempo para pensar em alguns problemas do mundo e, por isso, as crianças podem trazer boas ideias e reflexões”, diz Silmara.

Bruno Camargo, de 10 anos, está no 5.º ano e foi um dos palestrantes do colégio. Ele falou sobre como o uso excessivo do celular pode ser prejudicial à saúde e às relações sociais. “Comecei a reparar que em todo lugar que vou, sempre tem alguém mexendo no celular. Daqui a pouco, as pessoas não vão mais prestar atenção no que acontece ao redor delas”, diz.

Com a ajuda dos pais, ele pesquisou sobre problemas de saúde já relacionados ao uso do celular e preparou a apresentação de 5 minutos. Após estudar sobre o tema, Camargo disse que começou até mesmo a repensar como utiliza o celular – ele ganhou o primeiro aparelho aos 8 anos. “Quero ter mais tempo livre pra fazer outras coisas, pensar mais no mundo.”

ONU

No colégio Bandeirantes, também na zona sul, os alunos do ensino médio têm como atividade extracurricular uma simulação de conferências da ONU. A cada semestre, a escola oferece 36 vagas para o projeto. Os alunos aprendem sobre as regras da organização, conceitos de Estado e soberania e depois passam um dia inteiro discutindo sobre um tema da política internacional, em que cada um deles representa os interesses de um país.

“O aprendizado sobre os assuntos mundiais é enorme, mas o maior ganho é que eles aprendem a ouvir, pesquisar, construir argumentos sólidos baseados em fatos, números e não apenas em opinião. É um amadurecimento muito importante para jovens dessa idade”, diz Regina Fonseca, professora responsável pelo projeto.

Adriano Adoni, de 15 anos, está no 2.º ano do ensino médio e já participou da simulação representando a Alemanha em um debate sobre a situação dos refugiados na Europa. “Foi uma experiência que abriu minha visão de mundo, me forçou a aprender mais sobre economia e política e me fez desenvolver técnicas de argumentação e de negociação.”

Regina afirma acreditar que o projeto atrai os alunos porque eles sentem falta de entender melhor sobre os assuntos políticos e econômicos e também de ter um espaço para apresentar suas visões. “Eles querem ser ouvidos, querem ouvir opiniões diferentes e entrar no debate, mas de forma respeitosa. As redes sociais não são o suficiente para eles, os jovens querem discutir os grandes temas.”

Segundo Regina, além do desenvolvimento de habilidades e aprendizado dos temas atuais, a participação em projetos como esse é bem vista por universidades do exterior – que consideram atividades extracurriculares durante a seleção de alunos – e o mercado de trabalho. “As universidades e empresas valorizam um jovem que tem interesse por esses assuntos, que é engajado em entender problemas, mesmo os que estão fora da sua realidade.”

Aluna do 2.º ano do ensino médio do colégio Vital Brazil, na zona oeste da capital, Gabriela Molina ganhou um prêmio de excelência neste ano ao participar do Congresso Latino Americano de Harvard, em que os alunos simulam congressos de organizações. Ela representou a Colômbia em uma discussão sobre o tráfico internacional de drogas.

Ela quer cursar relações internacionais na faculdade e acredita que a experiência na simulação pode ajudar a ser aprovada em uma universidade americana. “Aprendi a me expressar, me impor, pensar em realidades distantes da minha e me colocar na situação de outras pessoas. Foi muito importante pra minha formação”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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