Brasília (AE) – A Polícia Federal já levantou onze crimes cometidos pelos envolvidos na operação de compra do dossiê Vedoin, oito deles atribuídos a um grupo de petistas que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de ?aloprados?. As ilegalidades vão desde o uso de caixa 2 a crimes contra o sistema financeiro, fraude cambial, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsificação de documento, extorsão e até estelionato. ?Foi um passeio pelos códigos penal, civil e eleitoral?, descreveu um policial com acesso às investigações.

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Dois dos envolvidos na trama já estão indiciados – os donos da agência de câmbio Vicatur, Fernando Ribas e Sirlei Chaves. Nessa agência foi parte dos dólares usados na compra do dossiê, com o qual o PT pretendia prejudicar candidatos tucanos. Outros seis envolvidos -os suspeitos do PT – já estão com rol de provas suficientes para indiciamento, mas a PF só deve tomar essa medida na próxima etapa do inquérito, que se encerra dia 26, mas deve ser prorrogado por 30 dias.

A idéia da PF é buscar provas mais contundentes contra personagens cujo envolvimento não está bem caracterizado. Segundo uma fonte policial, os servidores públicos que tenham usado o cargo para viabilizar a operação, também serão indiciados.

O grupo contra o qual há provas suficientes para indiciamento inclui Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos com R$ 1,75 milhão destinado à compra do dossiê, em 15 de setembro passado. Estão também relacionados o ex-coordenador de comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, Hamilton Lacerda, e o ex-chefe do setor de inteligência do PT, Jorge Lorenzetti, acusado de ser o articulador da operação. Para a PF, Lorenzetti pode ser indiciado, entre outros, por crimes financeiros, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em caso de condenação, pode pegar até 12 anos de prisão.

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O delegado Diógenes Curado, encarregado do inquérito, começou a esboçar o relatório parcial, em que manterá os indiciamentos já realizados e descreverá os crimes cometidos. As investigações da PF e do Ministério Público constataram que o grupo reuniu-se em associação criminosa para montar operação com intenção de influir nas pesquisas de opinião pública em São Paulo. ?Eles montaram uma operação típica de bandidos?, constatou o procurador Mário Lúcio Avelar.

Bastos não vê importância ?criminal?

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(AE) – Dois meses de investigação e o ministro Marcio Thomaz Bastos, da Justiça, ainda não sabe se a trama do dossiê Vedoin tem lá alguma importância do ponto de vista criminal. ?A Polícia Federal está investigando (o dossiê), é preciso ver realmente se isso tem uma grande gravidade ou se não tem uma grande gravidade?, disse o ministro – a quem a PF é subordinada.

Ele negou que tivesse declarado recentemente que a apuração sobre o dossiê fosse terminar antes das eleições, mas reconheceu que os protagonistas da farsa, pelo menos alguns, já estão identificados. ?O que eu disse foi que a cadeia causal estava absolutamente desvendada até pela confissão das pessoas?, declarou o ministro, em alusão aos ?aloprados? do PT que admitiram participação na compra do dossiê de R$ 1,75 milhão.

Ele garantiu que a PF ?vai tentar? identificar a origem da bolada. ?Descobrir de onde veio o dinheiro, isso é uma tarefa que tem que ser feita no tempo da investigação, no tempo da investigação séria, da investigação que não quer fazer efeito no tempo da eleição.? Para o ministro, ?felizmente a eleição passou?.

CPMI desvenda novo envolvido

Brasília (AE) – Cruzamento feito pela CPMI dos Sanguessugas detectou que o deputado Carlos Abicalil (PT-MT) conversou ao telefone 29 vezes com dois envolvidos na compra do dossiê contra políticos tucanos. As ligações telefônicas foram feitas entre 22 de agosto e 12 de setembro, período em que foi negociado o dossiê com Darci Vedoin e seu filho, Luiz Antonio Vedoin, donos da Planam, principal empresa da máfia das ambulâncias. O vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) defenderam ontem a convocação de Abicalil. ?Temos de convocá-lo para que ele explique essa troca de telefonemas feita precisamente no período mais crítico das negociações de compra do dossiê contra os tucanos?, afirmou Jungmann.

A maior parte das ligações foi feita entre Carlos Abicalil e Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil e um dos negociadores da documentação. Entre 22 de agosto e 12 de setembro, os dois se falaram 27 vezes ao telefone celular. No dia 5 de setembro Abicalil telefonou duas vezes para Valdebran Padilha. Segundo depoimento de Valdebran à Polícia Federal, foi nessa data que teria sido finalizado o valor a ser pago pelo dossiê.