São Paulo
– A ampla aliança construída por Ciro Gomes da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) na disputa pela Presidência pode explicar o bom desempenho do candidato nas pesquisas. A opinião é da cientista política Lúcia Hipólito, para quem Ciro colhe os frutos de uma bem-sucedida arquitetura política nos estados, reforçada pelo apoio do PFL.Nessa eleição, vai se dar melhor quem faz política, não marketing – afirma. Lúcia ressalta que Ciro vem ganhando adesões, muitas delas de adeptos de primeira hora da candidatura do tucano José Serra, como aconteceu com o PSDB de Goiás. Outras abrem brechas para acordos, como o caso do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB).
O tucano, diz Lúcia, entrou na disputa sem ter o respaldo sincero do próprio PSDB paulista. No estado, seu principal aliado nacional, o PMDB, encabeçado por Orestes Quércia, está com o petista Luiz Inácio Lula da Silva.
– Serra não uniu as forças políticas de São Paulo. E trocou um PFL unido e disciplinado pela inconsistência do PMDB. Um político sem seu estado não faz carreira nacional – diz Lúcia, comparando a trajetória de Serra a do deputado Ulysses Guimarães em 1989: tinha um partido forte, o PMDB, farto tempo de propaganda e terminou isolado, com votação pífia.
Outros cientistas políticos acreditam que o primeiro turno da eleição ainda não está decidido entre Lula e Ciro, que lideram as pesquisas.
– O horário gratuito pode não ser determinante, mas tem impacto nas camadas da população com menos acesso à informação – disse Maria D?Alva Gil Kinzo.
– A propaganda no rádio e na TV trará mudanças ao quadro atual – afirma Rubens Figueiredo, da Empresa de Pesquisa e Comunicação.
Assessores abrem caminho
Brasilia
(AG) – O segredo do desempenho do petista Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste, onde lidera as pesquisas de intenção de voto, pode se resumir ao pouco mais de metro e meio de Rochinha. Quem? O baixinho Francisco Rocha – amigo de Lula há quase 30 anos, desde o tempo em que o candidato do PT à Presidência militava como sindicalista – é o coordenador de campanha do PT no Nordeste e responsável pelo sucesso de alianças na região, juntamente com o também nada alto Humberto Costa, candidato do PT ao governo de Pernambuco.Como Rochinha, um exército de discretos guerreiros trabalha, diária e silenciosamente, pelos candidatos à Presidência da República. Eles são armas secretas de cada um e integram o staff operacional, principalmente nas viagens e eventos país afora.
No batalhão de Lula, Clara Ant atua como general. Polivalente, já foi tesoureira de campanhas passadas. Hoje, ela – que integra a executiva nacional do PT – cuida tanto do cerimonial como do programa do governo. Foi ela, por exemplo, quem organizou o evento de lançamento do programa de governo de Lula. Outra Clara, a Scharf, viúva de Carlos Marighela, organiza as atividades destinadas às mulheres.
Ocupando a sala ao lado da reservada a Lula no comitê de campanha, está o professor José Graziano, responsável por orientar o candidato em seus discursos públicos.
Mesmo sem vínculos partidários, o delegado federal Francisco Baltazar tem uma curiosa relação de fidelidade a Lula. Há quatro campanhas, é ele quem cuida da segurança do candidato. Na tropa do candidato da Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB), Ciro Gomes, o cartesiano, adepto de gráficos e quadros engenheiro Lúcio Gomes é quem comanda a área financeira da campanha. É econômico nos sorrisos e até nas palavras.
Ciro
– Por favor, procure Egídio Serpa – reage, quando procurado por jornalistas.
Ele se refere ao leal assessor de imprensa de Ciro. É ele quem acompanha o candidato em todas as atividades. Mês passado, ficou 20 dias sem pisar em casa, em Fortaleza.
Equipe age discretamente
Rio
(AG) – Na mega-estrutura – o comitê é chamado de “empilhamento de gente” por seus próprios integrantes -três pessoas gozam da estrita confiança do candidato José Serra: a secretária particular, Diala Trigueiro Vidal; o coordenador de comunicação, João Roberto Vieira da Costa; e a assessora de imprensa, Paula Santa Maria. É esse trio que está a seu lado a cada passo da campanha.Um agente federal de extrema confiança do candidato a presidente do PSDB atrai a atenção durante as atividades em razão da forte semelhança com o ator americano Morgan Freeman (que interpretou o motorista no filme “Conduzindo Miss Daisy”). “Bispo”, como é chamado, é quem conduz Mister Serra.
Além deles, uma famosa dupla presta discreta colaboração ao candidato: os ex-ministros Eduardo Jorge Caldas Pereira e Clóvis Carvalho. Carvalho tem contribuído na elaboração do programa de governo. Com a experiência de quem trabalhou em duas campanhas de Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Jorge também vem dando importantes conselhos ao candidato.
Mulheres
Outra colaboradora de Serra é Vilma Motta. Viúva do ministro Sérgio Motta, ela tem ajudado nas atividades dedicadas às mulheres. O tenente-coronel José Barros está sempre perto do candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho. Tanto que guarda até hoje as marcas roxas do tombo que levou, ao tentar proteger Garotinho, no comício do dia 2 de agosto na Cinelândia, no Rio, quando o palanque do ex-governador do Rio desabou. Barros, ajudante-de-ordens de Garotinho, foi parar no hospital.
Ele também estava ao lado de Garotinho quando este sofreu um acidente de carro, em plena campanha (derrotada) para o governo do Rio de Janeiro, em 1994, em Volta Redonda. A ex-chefe de gabinete de Garotinho no governo do estado, Ana Paula Costa, também está sempre nos bastidores da campanha. Coordenadora da agenda do ex-governador, Ana Paula acompanha Garotinho desde a campanha de 94.
E costuma orientar os passos políticos do candidato do PSB à Presidência da República.