A hostilidade à aliança com o PL, exposta pelas alas radicais do PT no início da campanha eleitoral, deu lugar a uma convivência que já se pode dizer que é bem pacífica entre os dois principais partidos da aliança de Luiz Inácio Lula da Silva. Na avaliação de petistas e liberais, foram dois os fatores que levaram paz à coligação: o tempo, que se encarregou de cansar os descontentes, e a imagem simpática exibida pelo candidato a vice, senador José Alencar (PL-MG), vítima de muitas vaias nos primeiros atos públicos.

Nos comícios que tem feito pelo Brasil afora, Lula dá uma mãozinha para que a coligação prossiga em harmonia. Se está na presença do senador José Alencar, é incisivo: ?Ninguém segura a parceria de um operário com um empresário bem-sucedido?.

Quando Alencar está ausente, faz elogios a seu vice, afirma que lutou por uma aliança maior e não conseguiu e que a coligação com o PL já rende frutos. Ele tem razão. Na semana passada, em Cuiabá, as bandeiras do PL eram maioria absoluta entre os eleitores que foram para as ruas participar de uma passeata com Lula.

Na última segunda-feira à noite, em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília a cerca de 25 quilômetros do Palácio do Planalto, em vez de vaias, bandeiras do PT e do PC do B foram agitadas quando o locutor oficial do comício de Lula anunciou a presença de dois candidatos dissidentes do PL. Na capital, o PL não se coligou com Lula. Apóia o governador Joaquim Roriz, do PMDB, candidato à reeleição.

Para o presidente nacional do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), os problemas acabaram porque os radicais petistas hoje são ?a minoria das minorias?. Ele afirmou ainda que o senador Alencar tem sido muito bem-recebido em todos os locais que vai, a ponto de às vezes ter de selecionar alguns poucos compromissos entre os mais de 30 convites diários para participar de palestras, comícios e inauguração de comitês. ?Se hoje o PT está nessa situação tão boa nas pesquisas, alguma coisa teve a contribuição do PL?, disse Valdemar.

O líder do PT na Câmara, deputado João Paulo Cunha (SP), disse que a acomodação foi normal. ?O tempo se encarregou de assentar a poeira de algum eventual descontentamento. Hoje PT e PL têm uma relação de muito respeito?, disse.

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