Está a cada dia mais distante a idéia da criação de um bloco parlamentar do PMDB com o PSDB, como parte da estratégia de ação conjunta dos parceiros de aliança que estreitaram laços na convivência harmoniosa da campanha presidencial. De olho na presidência do Senado, o PMDB vai guardar a alternativa do bloco apenas para o caso de o PT optar por investir na candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP), em uma articulação acima dos partidos e, sobretudo, da cúpula peemedebista.

O recado já foi dado ao PT. Fortalecida pelas urnas que praticamente dizimaram os representantes do PMDB do B, aqueles que insistiam em fazer oposição ao atual governo, a direção do partido não admite ser atropelada na partilha dos postos de poder do Congresso. Foi isto que levou o líder Renan Calheiros (AL) a declarar que a conversa sobre as presidências do Senado e da Câmara têm que ser institucional, com os partidos, sob pena de o novo governo colocar em risco a governabilidade.

?Estamos aguardando que o PT nos procure para conversar?, resume um importante dirigente peemedebista. Mas ele sabe que o PT não terá pressa, a menos que resolva investir no racha do PMDB, o que a cúpula do partido acha improvável. ?Se podem nos ter de graça como colaboradores na oposição construtiva, em nome da governabilidade, porque nos jogariam na oposição radical??, raciocina o parlamentar.

E enquanto aguardam, todos dão sinais de boa vontade para com o futuro governo petista. ?Recomendei expressamente ao relator do Orçamento do ano que vem, senador Sérgio Machado (PMDB-CE), que promova todos os meios para que o PT concretize suas promessas de campanha?, conta o líder Renan, o preferido da cúpula para ocupar o posto, embora o nome do atual presidente  Ramez Tebet (PMDB-MS) também seja lembrado.

Os dirigentes do PMDB avaliam que Sarney largou na frente na corrida sucessória do Senado. O fez quando tentou transformar sua candidatura em fato consumado no partido, anunciando sua disposição de presidir o Congresso para ajudar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Inverteu, assim, a estratégia da disputa anterior em que preferiu aguardar uma convocação dos partidos, depois da crise que tirou o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) do comando do Senado.

A expectativa geral é de que a disputa se arraste para o ano que vem, até porque a troca de comando no Congresso só acontece depois da posse dos deputados e senadores eleitos em outubro, marcada para 1º de fevereiro. Enquanto isto, preparam-se para a guerra que já se anuncia.

Não com o PT de Lula, mas com o PFL do senador Antonio Carlos Magalhães (BA), que só voltará oficialmente ao Senado em fevereiro, mas já participa das articulações e diz que seu partido está na disputa.

Como a indicação do presidente ao plenário é prerrogativa da maior bancada, vem por aí uma fase recheada de cooptações. Enquanto os pefelistas falam em filiar o senador Fernando Bezerra, hoje no PTB, os peemedebistas trabalham em segredo a conquista de três outros senadores para engrossar a bancada. A despeito da novidade que é o governo petista, os velhos métodos continuam atuais.

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