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Foto: Ricardo Stuckert/ABr
?Aqui dentro do palácio não estão
os adversários de vocês, aqui estão os companheiros?, disse Lula
aos representantes de 34 entidades.

Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu ontem, na primeira reunião do Conselho Político, no Palácio do Planalto, a adotar com os partidos aliados um novo modelo de interlocução, pelo qual nenhum projeto será enviado ao Congresso sem passar pelo crivo do conselho, formado pelos dirigentes de dez partidos que participarão do chamado governo de coalizão. ?Quero ter uma sintonia fina com os partidos políticos que me apóiam?, declarou Lula, de acordo com relato do ex-ministro Roberto Amaral, do PSB.

Dentro do novo modelo de interlocução, a primeira proposta a ser submetida aos aliados – em reunião do conselho marcada para quarta-feira que vem – será o pacote de medidas destinadas a incrementar o desenvolvimento da economia. Com a nova estratégia o presidente terá o respaldo das bancadas aliadas nas votações de projetos do governo. Assim, evitará que seus partidários tomem conhecimento das propostas quando já estiverem tramitando no Congresso. Na reunião de ontem, os aliados não discutiram com o presidente, segundo participantes, a disputa existente na base do governo em torno do lançamento de candidaturas à presidência da Câmara.

Esse assunto só será decidido no encontro da quarta-feira. Até lá, os dirigentes partidários aliados tentarão definir uma posição em suas próprias bancadas para levá-la ao presidente. ?Se alguém disser que há consenso entre os partidos, não está dizendo a verdade?, afirmou o presidente de honra do PL, senador eleito e ex-ministro Alfredo Nascimento (AM).

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Ele contou que, antes da conversa de ontem com Lula, os dirigentes partidários fizeram uma reunião prévia e concluíram que ainda não há consenso sobre a sucessão na Câmara. Ao abrir o encontro, Lula disse que os partidos terão participação efetiva nas decisões sobre os projetos do governo. Ele deu ênfase à necessidade de crescimento da economia e à valorização da participação dos aliados nas decisões.

Segundo o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, parte das medidas econômicas que estão sendo analisadas deve estar pronta até quarta-feira para ser apresentada ao conselho. ?O que estiver concluído será apresentado aos partidos?, antecipou.

PDT

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De olho em cargos na administração federal, a executiva nacional do PDT decidiu ontem que o partido deverá não só integrar a base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso como também participar da coalizão de governo. A despeito dos ataques generalizados ao PT e das críticas ao próprio governo, apenas 5 dos 28 pedetistas presentes foram contra a adesão ao governo.

Com isso, o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, um dos maiores defensores da aliança com o Planalto, foi autorizado pela direção partidária a participar, como observador, da primeira reunião do Conselho Político da coalizão com o presidente Lula, realizada em seguida.

A decisão da executiva ainda terá de ser confirmada pelo diretório nacional do partido, que será convocado a se manifestar em 12 de janeiro, mas ninguém tem dúvidas de que a adesão ao governo será ratificada. A certeza deve-se à constatação geral de que Lupi sempre comanda o voto de pelo menos 70% do diretório.

?Não me troco por causa de cargo?, protestou o deputado e candidato derrotado ao governo de Sergipe, João Fontes, que teve uma discussão ríspida com Lupi, protagonizando o momento mais tenso da reunião da executiva pedetista. Ele cobrou coerência do presidente do partido, que foi à televisão na campanha eleitoral para dizer que ?o PT era o partido mais corrupto do País? e para ?apresentar a ficha policial de seus dirigentes?. Em vão. ?Leonel Brizola fundou o partido e outros querem afundar o PDT?, esbravejou Fontes, diante do resultado final.

Além de Fontes, também reprovaram a aliança com o governo o líder do PDT no Senado, Osmar Dias (PR), o senador Christovam Buarque (DF), o governador Ronaldo Lessa (AL) e o deputado Vieira da Cunha (RS). ?De nada adiantou nosso argumento de que o PDT acabará engolido pela base governista e perderá o diferencial e o charme que nos farão muita falta nas eleições de 2008 e 2010?, lamentou Dias.