A articulação que os presidentes da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), vêm fazendo nos bastidores para aprovar as suas próprias reeleições em 2005, começa a ser bombardeada por aliados, ainda no seu nascedouro. ?Não vejo essa proposta com bons olhos?, afirmou o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), apesar de o autor de uma das emendas constitucionais que tratam da reeleição ser o deputado João Herrmann (SP), do PPS. ?É uma iniciativa pessoal, sem qualquer aval do partido?, disse Freire.
Na avaliação de políticos governistas e de oposição, o maior interessado na reeleição dos presidentes das duas Casas do Legislativo seria o senador José Sarney (PMDB-AP). Mas com absoluta discrição, como é de seu estilo. À frente do Senado, Sarney é reconhecido como o político mais influente no governo, tendo canal direto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O próprio ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, gosta de mencionar que fala diariamente com Sarney. A convocação extraordinária do Congresso é exemplo de vitória de Sarney junto ao Palácio do Planalto, que se curvou às pressões do Senado mesmo contrariando o deputado João Paulo.
Emenda
Para vigorar em 2005, quando expira o mandato de dois anos dos atuais presidentes da Câmara e do Senado, a emenda constitucional precisa ser aprovada em 2004, contando com apoio de, no mínimo, 308 deputados e 49 senadores, em votações em dois turnos em cada uma das Casas.
O problema é que o tema é polêmico e no ano que vem o governo não quer se envolver em nada complicado, para não prejudicar o desempenho dos partidos aliados nas eleições municipais. O líder do PSDB, deputado Jutahy Júnior (BA), não só é contra a reeleição dos dirigentes das Mesas Legislativas como também acha que Lula deveria ser o último presidente da República a ter o direito de disputar um outro mandato de mais quatro anos.
