Alexandre Nardoni confronta promotor em depoimento

A segunda parte do interrogatório de Alexandre Nardoni no quarto dia de julgamento do caso Isabella foi marcada pelo conflito entre o réu e o promotor Francisco Cembranelli. Nardoni tentava responder de forma monossilábica, e na maior parte das vezes dizia não se lembrar de detalhes, inclusive sobre aqueles que já tinha citado em depoimentos anteriores.

Em algumas partes, o pai de Isabella enfrentou o promotor: “Não coloque palavras na minha boca”. Outras vezes, dizia para a acusação: “Isso não tem pertinência”. O juiz interveio. “O senhor responda a pergunta, se eu achar impertinente, indefiro”, disse Maurício Fossen.

Um dos maiores embates se deu quando o promotor perguntou por que Nardoni não socorreu a filha quando chegou ao térreo e não havia ninguém em volta da menina. “Não sei dizer. Porque ela estava no chão naquele momento. Quando eu cai em si (sic), o seu Lúcio (vizinho) dizia para não mexer nela”, disse Alexandre ao relembrar a noite do dia 29 de março de 2008.

O réu respondia às perguntas de forma nervosa e evasiva. A defesa usava a estratégia de perguntar ao promotor em que página do processo estavam as afirmações que ele usava para interrogar Nardoni. O promotor rebateu dizendo que isso era feito para dar tempo do réu pensar. No final, Cembranelli começava a dizer a página em que se baseava antes de perguntar.

Em outro momento, quando perguntado por que não falou com Anna Carolina Jatobá, sua esposa, após a morte de Isabella, respondeu: “A situação era embaraçosa, eu tinha perdido o chão. Não sabia nem que rumo tomava. Havia perdido a coisa mais valiosa que eu tinha.”

Ele voltou a dizer que foi agredido verbalmente por policiais. A promotoria, então, perguntou por que ele nunca relatou isso em interrogatórios, indagando especialmente por que ele nunca havia revelado a proposta de livrar em Jatobá, que o réu disse ter recebido. “Não me recordo”, limitou-se a dizer.

Outro ponto em que o clima do interrogatório esquentou foi quando Cembranelli perguntou por que o réu estava usando óculos: “Eu nunca vi o senhor de óculos, começou a usar agora?”. Nardoni respondeu: “o senhor não me conhece”. Foi a vez do juiz intervir e pedir para ele responder a pergunta – o réu disse apenas que não enxergava bem de longe. “A ponto de não sair lágrima quando chora?”, provocou o promotor. O juiz, então, voltou a se manifestar, pedindo ordem.

A sessão entrou em recesso para almoço por volta das 13h35. Na volta, Nardoni será interrogado pela defesa.

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