Belo Horizonte – O vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, defendeu a continuidade das investigações sobre as operações de privatização realizadas durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "O importante é que haja prosseguimento das investigações para ver se houve alguma coisa errada. Isso é bom que haja, porque é preciso que todos os brasileiros estejam tranqüilos de que as privatizações foram feitas de forma regular", afirmou Alencar, que participou na noite de anteontem da solenidade de posse da nova diretoria da Associação Comercial de Minas (AC Minas), em Belo Horizonte.
A posição do vice-presidente foi manifestada no mesmo dia em que o ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou o pedido do PSDB para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esclarecesse um trecho do discurso que fez em Jaguaré (ES), no último dia 24. Na ocasião, Lula citou o relato de um "alto companheiro", que teria afirmado que a corrupção antes do atual governo foi "muito grande" e algumas privatizações teriam deixado uma instituição "quebrada". O presidente teria então orientado o interlocutor a só falar a esse respeito com ele e "fechar a boca daí para fora". O ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, foi apontado como o companheiro mencionado por Lula.
Na avaliação de Alencar, o episódio que motivou a interpelação judicial feita pelos tucanos é "um assunto que está superado". "O cuidado do presidente Lula foi com relação à instituição à que se referia. Então, não era bom que um titular de uma instituição importante falasse que ela estava falida. Foi essa a preocupação", argumentou.
No evento – que contou também com a presença do governador Aécio Neves (PSDB) e dos presidentes das associações comerciais de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, e do Rio de Janeiro, Marcílio Marques Moreira -, sobraram críticas à carga tributária e à Medida Provisória 232. O vice-presidente disse que a carga tributária no Brasil "não é alta, é altíssima". Mas alegou que esse cenário é fruto da sonegação. "Se todos os brasileiros pagassem impostos, as alíquotas dos impostos indiretos seriam menores", afirmou Alencar, para quem as entidades de classe devem estimular entre seus associados o cumprimento das obrigações tributárias.